quarta-feira, maio 25, 2005

Comédia da vida privada: O Sex Shop



Caro único leitor amigo, quando sua avó dizia que “mente vazia é oficina do diabo”, ela tinha parcialmente razão. Parcialmente, porque mesmo quando estamos atolados de coisas para fazer, ainda assim achamos tempo para lembrar e até contar certos episódios esdrúxulos do nosso passado. É exatamente sobre um fato deste tipo que vou escrever hoje, vou contar a primeira vez que fui ao um sex shop.

Lá estava eu sentada na sala de estudos do cursinho pré-vestibular com mais três amigos, teoricamente estudando, e por algum motivo sem lógica comentamos sobre sexshops. E logo as feições de todos mudaram, nitidamente todos pensávamos como seria uma loja deste tipo. Nos entreolhamos e decidimos ir a um sexshop para sanar nossa curiosidade. Rapidamente alguém lembrou o endereço de uma loja do tipo.

Lá fomos nós: eu, Maria, Lúcia e Eduardo. (Os nomes dos personagens foram modificados para preservar a intimidade deles. Enfim, melhor contar a história e não contar os santos.) Maria foi dirigindo até lá, todo mundo muito animado com a travessura. Digamos que eu de verdade pensava que eu ia me ferrar, porque era a única que não tinha 18 anos ainda. Oras eu achava que era como material pornográfico, para ver tinha que ter mais de 18 anos.

Ao chegarmos lá na loja, todo mundo desceu do carro. E coincidentemente olhavam para os lados para ver se não teria ninguém conhecido que depois pudesse espalhar que estávamos em um lugar insalubre desses. Depois de tal cuidado fomos até a porta da loja. Mas adivinhem, a extrovertida Maria perdeu a cara de pau, as já tímidas e medrosas Lúcia e eu perdemos a coragem, e Eduardo disse que não entraria primeiro sozinho. Então, tomei coragem e disse para o Eduardo que se ele me deixasse entrar antes dele que mataria ele depois. Então, puxei ele pelo braço e entramos no sex shop, e logo puxamos Maria e Lúcia. Todos estávamos super sem-graças. Mas o pior ainda viria em alguns instantes.

O vendedor da loja era um velho de uns cinqüenta e tantos anos com cara de depravado e sádico. Figura bizarra. Todos ficaram com medo do cara. Não sei se ele estava com uns acessórios de couro sadôs, ou essa parte ficou pela minha imaginação fértil e meu nervosismo. Resolvemos ignorar o velho, e dar uma olhada pela loja. Mas nem conseguimos olhar quase nada, já que aquele velho ficou nos olhando e perguntando se a gente não queria isso ou aquilo. Tudo estava muito assustador.

Pior que ainda apareceu uma outra vendedora, uma loira falsa anoréxica estranhíssima. Na hora me senti um pouco mais aliviada, porque aquele cara me estava deixando amedrontada, achei que ela evitaria que o velho com cara de depravado fizesse algo. Mas de qualquer forma rapidamente dizemos que não queríamos nada e corremos daquele lugar.

O detalhe é que passamos só uns 5 minutos dentro da loja. Não olhamos quase nada. Porém, nos sentíamos muito bem de ter feito algo que “as pessoas certinhas” não fariam, nos sentimos um pouco transgressores. E essa é a história da primeira e única vez que fui a um sex shop.
Posted by Hello

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