quinta-feira, maio 12, 2005

Reflexão sobre os relacionamentos atuais

Hoje eu recebi esse texto por e-mail, achei bem legal, então resolvi postá-lo. Ele foi escrito por uma pessoa de muita garra, pois conseguiu enfrentar uma paralisia definitiva na adolescência com uma maturidade invejável.
Visitem o blog dela: www.carlinhaematenas.zip.net

Reflexão sobre os relacionamentos atuais
Carla Limp

O que pode ser mais complicado do que tentar explicar como as pessoas se relacionam atualmente? Talvez tentar entender o porquê da nossa geração de jovens ter mudado tanto a forma de buscar o outro, da geração de nossos pais, ou até da de nossos avós. Mas proponho o desafio:
Lembro das experiências amorosas que minha avó me contava, ou devo dizer a experiência. É, tanto minha avó como meu avô só tiveram um par na vida. E viveram juntos até que a morte os separou. Imagino como o namoro era encarado como algo sério. Como as pessoas observavam a família, os amigos, e tudo que envolvesse a vida do pretenso par antes de uma abordagem. O namoro era um compromisso, um indicativo de casamento. Hoje, o namoro, que já é algo difícil de acontecer, é um teste, uma forma de iniciação amorosa e sexual, mas sem qualquer compromisso futuro.
Na época dos meus pais, o namoro já não era indicativo de casamento, mas era a forma das pessoas se relacionarem. Para isso, os jovens tinham que se envolver mais. Apesar de ser um teste para o casamento, namorar alguém era além da troca de carinhos, uma troca de amizade e experiências. As pessoas se conheciam mais. Conheciam menos pessoas, mas as que conheciam, o faziam mais profundamente.
Minha época... Hoje definir os relacionamentos é algo complexo. Tudo acontece de forma rápida. As informações são oferecidas rapidamente, a tecnologia muda a toda hora, o mercado de trabalho é uma corrida, sendo assim, a vontade de se experimentar e provar do mundo tornou-se premente, desesperada, frenética. As pessoas querem realizar-se instantaneamente. E ironicamente os valores passaram a ser menos valorizados. A ansiedade em encontrar alguém, tornou os relacionamentos superficiais, vazios. Atualmente namorar, apesar de não ser um indicativo para o casamento, é algo que assusta. Manter compromisso com alguém é perder a oportunidade de conhecer outra pessoa que, talvez, seja melhor que esta a qual deveria estar conhecendo. O medo do compromisso impede. Para evitar o namoro foram inventadas formas de se relacionar que criam intimidade, mas não compromisso. O pré-namoro. O “ficar” é uma delas, você namora a pessoa por um período, um dia ou até uma noite, dependendo dos seus limites; o “rolo” é outra, acontece quando você “fica” varias vezes com a mesma pessoa, já é algo mais sério e há possibilidades em isso se transformar em namoro. É até engraçado, o paquera é chamado de “pega”, a nomenclatura ideal para a pessoa que você não namora, mas pega de vez em quando. A busca pelo prazer que o relacionamento trás sem se envolver, sem mostrar quem você realmente é para o outro e ter que arcar com as conseqüências de se expor, ser ou não aceito, amado, é tentador, mas perigoso.
Ficar antecipa muita coisa gostosa que vem junto com a conquista, o mistério e a maravilha que é descobrir aspectos, qualidades e até os defeitos do outro. Às vezes tudo isso é pura busca pelo prazer rápido, suprir a carência sem comprometer-se. Funciona? Sim. Mas o prazo é curto. Saímos tão vazios como entramos. Inventamos um jeito de consumir pessoas. Se nos tornarmos descartáveis, fica fácil de se relacionar sem sofrer, porque não nos sentimos rejeitados. As pessoas nos usam e nós as usamos. Seria simples se fosse possível nos comportar como objetos, mas vivemos dos nossos sentimentos, e precisamos usá-los. Suprir a carência de tal forma se torna uma rotina sem fim porque ela nunca será suprida assim. Sempre vamos querer mais. Afinal, ao ficar, na maioria das vezes, não há troca de sentimentos, apenas sensações. O ser humano precisa amar e ser amado. Trocar sentimentos. Conheço relacionamentos que começaram assim e deram certo. Sei que atualmente é muito difícil se relacionar de maneira diferente. Faço parte da sociedade e seguindo minha ética, procuro adaptar-me da melhor maneira possível para ser feliz. Mas invejo profundamente o tempo em que os valores contavam mais.

1 comentários:

Anônimo disse...

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