quarta-feira, junho 01, 2005

Lembranças

Dias estranhos esses últimos. Mas nada que se compare a esta noite. Hoje me dei conta que um pedaço substancial da minha vida acabara. A casa dos meus avôs, a casa que eles viveram os últimos 22 anos, a única casa deles que eu conhecera, estava sendo desmontada. Parecia que em quanto aquela casa estivesse como sempre esteve, a minha avó, as minhas lembranças e a minha infância estariam vivas. Mas agora isto estava chegando ao fim.

Nunca mais eu sentaria nos degraus daquela escada para comer, nem correria por ela, enquanto meu avô resmungava que era perigoso eu escorregar. Nunca mais veria as tantas violetas que minha avô cultivava. Nem iria ver meu avô cochilar no sofá, e acordar dizendo que não consegue dormir de dia. Nem veria minha avó rezar na sala de estar. Nem iria roubar biscoitos do armário da cozinha, que mais parecia um guarda-roupa. Não iria mais rever pela milésima vez as fotos de família que ficavam guardadas no guarda-roupa do quarto de visitas, ou iria ouvir o relógio de tic-tac, ou iria ver minha avó tricotar, ou os mexeria nos vários vidros de perfumes na penteadeira da minha avó, ou simplesmente iria sentar nas cadeiras do jardim e não ver ninguém passar na rua.

São tantas lembranças que nunca pensei que fossem tão importantes. Estas que por tantas vezes passaram por banais, mas agora perde-las é quase morrer. É a morte de uma ingenuidade que não mais existe.

2 comentários:

Anônimo disse...

Amanda: I love your blog! It's full of interesting ideas and poems. Amanda, I think I'm in love with you. Too bad we are so far.

But I love you,

Miguel

Anônimo disse...

Amanda:

I Love you