quinta-feira, julho 07, 2005

Essa pseudo-vida adulta

A gente passa a infância e a adolescência querendo crescer depressa e ser logo adulto. Mas quando a vida de adulto chega de verdade, a gente só quer voltar a não ter responsabilidade, a não ter que pensar no futuro e a não ter que fazer o presente acontecer. Mesmo para mim sempre fui responsável, cheia de opiniões e decisões é confuso, porque uma coisa é comportar-se como adulto sem precisar ser efetivamente ser um. Mas agora sou adulta e tenho que interagir com mundo sendo uma.

Hoje recém-formada e a beira de outro aniversário, outro porque parece que um ano passa e nem reparei, estou aqui tentando me encaixar no que é ser adulto: a procura de um emprego, na esperança das coisas darem certas, de enfim me sustentar e morar só, e de fazer tantas coisas que desejei um dia.

Só que a cada dia vejo um temor da adolescência se tornar um pouco realidade: estou me tornando uma pessoa parecida com os meus pais. Não que necessariamente isso seja ruim, mas sempre almejei ser melhor que eles desde o dia que descobrir que os pais são pessoas como todos nós, falíveis e cheios de defeitos.

Talvez o fato mais estranho de ser adulto está justamente relacionado aos pais, pois passamos a ter um relacionamento diferente com os pais. Hoje somos amigos, de certa forma iguais e a cada dia passamos a ser um pouco pais dos nossos pais. Não que eles precisem ser velhos ou algo do tipo, mas estranhamente passamos a aconselhar e a cuidar deles, como outrora eles faziam por nós.

Você, caro único leitor amigo, pode até pensar que estou triste, saudosista ou melancólica com essa mudança de fase, mas está redondamente enganado. A vida começa a fazer todo o sentido, pois agora deixo de me preparar para ser adulta para ser uma, e estou muito feliz, mesmo que um pouco preocupada. É natural sentir um pouco de medo com as mudanças, mas isso não faz que deseje que as mudanças não venham, só me faz olhar para as mudanças com o respeito que o novo merece.

0 comentários: