sábado, dezembro 29, 2007

Analfabetos do amor

Nelson Rodrigues


1. Amigos, temos uma vastíssima experiência amorosa. A história do coração humano começou, precisamente, em Adão e Eva. Era o primeiro casal de terra e com uma vantagem considerável: - Não tinha parentes, não tinha vizinhos, não tinha fornecedores. Alguém poderia objetar (talvez com razão) que a serpente fazia as vezes de sogra, de cunhada, de amiga etc.
2. Mas o que eu queria dizer é o óbvio ululante, ou seja: - Com Adão e Eva houve o primeiro flerte, o primeiro namoro, o primeiro casamento. Eu ia acrescentar - e a primeira infidelidade. Mas trair com quem? Quero crer que Eva foi, talvez contrafeita, uma mulher rigorosamente fiel. Eu imagino o que teria sido, num confortável paraíso, a noite de núpcias do primeiro casal.
3. Pois bem. Isso ocorreu há muito tempo. Eu vos digo: essa experiência amorosa, que vem através dos milênios, não nos adianta de nada, nem nos abriu os olhos. O homem, que sabe de tudo, nada sabe de amor. Eu diria, se me permitem, que em amor o homem é tão analfabeto como um pássaro. Ou melhor: o pássaro tem, a seu favor, a vantagem do instinto puro, livre e clarividente. Ao passo que cada um de nós carrega, nas costas, não sei quantos preconceitos, não sei quantos equívocos. Eis a verdade: Falta-nos a espontaneidade de uma cambaxirra. E vou mais longe - o nosso amor é triste.
4. Olhem em torno. Vejam os namorados que conhecemos. Eles amam sem alegria, sim, todo o mundo ama sem alegria. Essa tristeza, inerente ao sentimento amoroso, decorre de que não sabemos amar. O homem mais sensível e lúcido é, diante do ser amado, um incerto ou, pior do que isso, um inepto. Ele não sabe o que dizer, o que fazer, o que pensar. O que nós chamamos "romance" é a soma de erros, de equívocos engraçadíssimos. Vejam: - não encontramos palavra justa, exata, perfeita; não nos ocorre o galanteio que o ser amado desejaria escutar.
5. E, no entanto, a partir de Adão e Eva, o homem já teve bastante tempo para aprender como gostar, como amar. O amor exige, entre dois seres, uma linguagem própria, um idioma específico. Mas não usamos essa linguagem ou parecemos não entender esse idioma. As pessoas que menos entendem - como se falassem línguas diferentes - são as que se amam. Dir-se-ia que o amor, em vez de unir, separa. Cabe então a pergunta - por quê? É simples. Porque amamos errado, porque não sabemos amar.
6. A rigor, o momento mais doce do amor é o flerte. O flerte não dilacera, não envenena. Um simples olhar, de uma luz mais viva; um sorriso leve é quanto basta para que dois seres experimentem a esperança de uma comunhão docemente infinita. Mas o flerte - eu prefiro o flerte à paquera - o flerte é, normalmente, uma promessa que não se cumpre. Pois, em seguida, o namoro abre uma fase de perspectivas inquietantes. Fala-se em 'briga de namorados', tão comum e, eu diria mesmo, obrigatória. Mas não são os pequeninos atritos que marcam e vão, pouco a pouco, ferindo e destruindo o sentimento amoroso.
7. Se o homem soubesse amar não elevaria a voz nunca, jamais discutiria, jamais faria sofrer. Mas ele ainda não aprendeu nada. Dir-se-ia que cada amor é o primeiro e que os amorosos dos nossos dias são tão ingênuos, inexperientes, ineptos, como Adão e Eva. Ninguém, absolutamente, sabe amar. D. Juan havia de ser tão cândido como um namoradinho de subúrbio. Amigos, o amor é um eterno recomeçar. Cada novo amor é como se fosse o primeiro e o último. E é por isso que o homem há de sofrer sempre até o fim do mundo - porque sempre há de amar errado.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Pessoas que acreditam

Pronto, agora fiz, não sei se foi merda, mas enfim, ainda, acredito:

Um ‘não’ dito com convicção é melhor e mais importante do que um ‘sim’ dito meramente para agradar, ou, pior ainda, para evitar complicações”.

Percebi neste natal o quanto sou uma pessoa que acredita, mesmo sempre tendo me definido como uma pessoa que duvida.

Para você, caro único leitor amigo, que não sabe dessa classificação que faço das pessoas, explicarei:

  • Pessoas que acreditam: elas são ingênuas, sonhadores, credúlas, tem fé nas pessoas, no futuro, na bondade humana.
  • Pessoas que duvidam: elas são sarcásticas, atéias ou agnósticas, não confiam nem na própria sombra, devolvem perguntas ao invés de respostas, não sabem no que acreditam porque duvidam de tudo, vivem no ostracionismo, mas se orgulham disso.

Basicamente é isso, uma visão maniqueísta, mas estou ainda trabalhando no 3º tipo de pessoa, em breve terem uma definição.

Pois é, nesse natal, vi o tanto que sou boba e ingênua, entretanto, melhor ser quem eu sou do que ficar nesse arquétipo social

Agora, esperemos.... Afff...

Não se reprima, pode gritar, ôô...

Tirei esse trecho do site LLL, tava aqui me angustiando pensando se devia ou não fazer o que queria, e se ele pensasse isso ou aquilo. Li o trecho abaixo e pensei: a teoria do foda-se ainda me libertará.

"Email que chegou há pouco tempo, assunto: "mentira", representativo de várias mensagens semelhantes que recebo:

'você justificou tanto que não se importa com a opinião dos outros sobre você, que me parece justamente o contrario... o tempo todo você ficou tentando provar que nunca foi nem ai pra o que os outros pensam ou dizem da sua pessoa...mais tudio isso é pura mentira... se você não se importasse com a opinião dos outros vc não precisaria ficar justificando isso...'
A resposta é simples: a descoberta de que eu não precisava agradar os outros nem falar o que queriam ouvir pra ser amado, pra conseguir mulher, pra ser lido, pra arrumar trabalho, pra tudo, enfim, foi algo tão transcendental e esmagador na minha vida que fico mortificado de ver tanta gente ainda sendo oprimida pela ditadura da opinião dos outros.
E me pego pensando: as pessoas devem ser mesmo muito inseguras se acham que o único jeito de serem aceitas é eternamente se censurando, se reprimindo, se anulando."Alex do LLL.

De volta para os episódios: Homem é tudo palhaço

To be continued...

Gentileza gera gentileza


da Folha Online


Todas as manhãs eu o via. Era por volta de 1992, 1993, eu morava na zona sul do Rio e trabalhava no centro, na avenida Presidente Vargas. Não me lembro bem qual era o caminho que pegava, mas o certo é que aquela figurinha magra, mirrada mesmo, chamava a atenção na paisagem cinza dos viadutos e avenidas centrais, com sua bata branca, branquíssima, tão alva quanto suas longas barbas.

Carregava uma placa escrita em preto, verde e amarelo, com dizeres que em nada combinavam com o trânsito ou com o corre-corre das pessoas, a maioria delas ignorando-o solenemente.
Eu não conseguia ignorá-lo, intrigava aquela figura que pregava gentileza na plaqueta singela e também nos grafites que pespegava nos muros da redondeza, bem como nas colunas dos viadutos.


Era o Profeta Gentileza, um desses homens, maluco para muitos, mas que para mim são aqueles seres que simplesmente resolvem ir, deixar para trás tudo, seja lá o que for, e simplesmente ir.
No caso dele, foi em direção a uma atitude de vida absolutamente pacifista e de sã insensatez, branca como sua barba e sua bata: gentileza gera gentileza.


Ele talvez nunca tenha lido nada referente a budismo, cujos preceitos contemplam esta assertiva. E provavelmente não estivesse nem aí se todo aquele povaréu que passava apressado levava a sério ou na chacota a sua mensagem --passada a ele sabe-se lá por quem ou por qual desígnios.


Mas o Profeta Gentileza era e tornou-se cada vez mais uma figura daquelas carimbadas, referência naquele centro do Rio, virou personagem de reportagens, deu entrevistas nas quais tentava explicar inexplicavelmente seus dogmas, até que morreu não sei ao certo quando.
Outro dia, passando naquela área do Rio próximo à rodoviária, zona portuária deteriorada como o quê, lá estavam os escritos do Profeta, preservados por outros malucos na pilastra do viaduto.
Fiquei feliz com aquilo, havia portanto mais gente interessada na simplicidade do que o homem dizia, e que pode ser no fundo uma grande verdade: gentileza gera gentileza...


Por que não?


Eis que, mais recentemente, andando pelos orkuts da vida, entro na página de uma amiga e o que encontro por lá? A reprodução da mensagem do Gentileza, tal e qual ele carregava em sua placa profética.


Daí a querer transformar o dito espirituoso que me conquistou para sempre em mensagem de fim de ano foi um passo.


Portanto, aí está: gentileza gera gentileza.


Que este seja o mote para 2008!


Até janeiro...


Luiz Caversan, 52, é jornalista, produtor cultural e consultor na área de comunicação corporativa. Foi repórter especial, diretor da sucursal do Rio da Folha, editor dos cadernos Cotidiano, Ilustrada e Dinheiro, entre outros. Escreve para a Folha Online.

Fiquem com a música da Marisa Monte sobre o Profeta Gentileza:

Gentileza

"Apagaram tudo

Pintaram tudo de cinza

Só ficou no muro

Tristeza e tinta fresca

Nós que passamos apressados

Pelas ruas da cidade

Merecemos ler as letras

E as palavras de Gentileza

Por isso eu perguntoÀ você no mundo

Se é mais inteligente

O livro ou a sabedoria

O mundo é uma escola

A vida é o circo

Amor palavra que liberta

Já dizia o Profeta"

quarta-feira, dezembro 26, 2007

ANTES DO AMANHECER


Mais uma noite
E eu ainda não sei o que fazer,
Meus passos cansados se perdem
Dos outros mundos...
A magia da noite invade-me a alma,
Que flutua além dos nossos horizontes...
Além dos dogmas, dos mantras...
Além das vidas...
Nada faz sentido, agora que não existo
Somente a luz, a névoa que nunca vi,
A paz que eu não imagino,
A força que eu nunca tive... A vida que eu não vivi...
A noite chega, E eu não sei como voltar...
Meus passos leves me guiam
Por meus outros mundos...
Perdidos...
A noite se vai,
E nada faz sentido agora que eu existo...
Falta-me a luz, a névoa, a paz, a força,
A outra vida que eu vivi...
Antes do amanhecer...

Por que?

Impressiono-me com o fato de ouvir uma música que parece traduzir o que sentimos, naquele exato momento, feita para você e sobre você. O grande problema é quando você entende a música exatamente pelo oposto dela. Dessa forma, não é ainda bem, mas Por que?

Vanessa da Mata - Ainda Bem

Ainda bem
Que você vive comigo
Porque senão
Como seria esta vida?
Sei lá, sei lá

Nos dias frios
Em que nós estamos juntos
Nos abraçamos sob o nosso conforto
De amar, de amar

Se há dores tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me manda são fato
Do nosso cuidado e entrega
Meus beijos sem os seus não dariam
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu uma parte
Seria o acaso e não sorte

Neste mundo de tantos anos
Entre tantos outros
Que sorte a nossa heim?
Entre tantas paixões
Esse encontro nós dois
Esse amor

Entre tantos outros
Entre tantos anos
Que sorte a nossa heim?
Entre tantas paixões
Esse encontro nós dois esse amor

Entre tantas paixões
Esse encontro nós dois esse amor.

As cartas que eu não te mando

Muitas vezes tenho essa necessidade insana de escrever, de colocar para fora o que sinto, mas ninguém irá entender. Escrevo para o meu único caro leitor amigo, no fundo meu id. Hoje me sinto diferente queria escrever essa carta para um único caro leitor que acho que não irá ler essa carta, porque para você escrevo cartas que eu não mando.

Leoni - As Cartas Que Eu Não Mando
Rio de Janeiro
Hoje é 23 do 3
Como vão as coisas
De mês em mês
Eu me sento pra escrever pra você

Eu reformei a casa
Você nem soube disso
Nem das outras coisas
Sabe eu tive um filho
Já faz tempo que eu me perdi de você

Guardo pra te dar as cartas que eu não mando
Conto por contar
E deixo em algum canto

Vi alguns amigos
Tropeçando pela vida
Andei por tantas ruas
São histórias esquecidas
Que um dia eu quis contar pra você

Eu fico imaginando
Sua casa e seus amigos
Com quem você se deita
Quem te dá abrigo
Eu me lembro que eu já contei com você

E as pilhas de envelopes
Já não cabem nos armários
Vão tomando meu espaço
Fazem montes pela sala
Hoje são a minha cama
Minha mesa, meus lençóis
E eu me visto de saudades
Do que já não somos nós

sábado, dezembro 01, 2007

Lágrimas de Diamantes


Show do Paulinho Moska dia 29 de novembro. Eu de tiete total. Literalmente passando mal, oops, passando muitíssimo bem a 2 palmos dele.
Como seria eu encontrando Moska e Drexler juntos? Só marlonbrando para saber...
Lágrimas de Diamantes
Moska
Não se preocupe mais
Com minha imperfeição
Não se pergunte mais
Porque me disse não
Se eu não procuro agora
O que encontramos antes
É só porque a noite chora
Lágrimas de diamantes
Lágrimas de diamantes
À noite, lágrimas de diamantes
De dia lágrimas,
à noite amantes
Lágrimas de diamantes