sexta-feira, maio 01, 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button

“A melhor parte da vida é o início e a pior o fim”. Mark Twain

Com essa frase em mente Scott Fitzgerald parte para escrever seu conto “O curioso caso de Benjamin Button”.

O autor, apesar de ser mais conhecido pelo livro “O grande Gatsby” – que reflete criticamente sobre a a alta sociedade americana, com suas futilidades e preconceituosos, no período imediatamente anterior a queda da bolsa de Nova Iorque – em seu conto sobre Benjamin surpreende por sua genialidade.

Oscilando entre uma ironia desconcertante e uma sensibilidade empática, “O Curioso caso de Benjamin Button” conta a história do bebê Benjamin nascido velho, com olhar cansado e com 1.60m, mas que ainda assim deveria a qualquer custo ser um bêbe e não Matusalém que de fato era, e que viveu o inverso do tempo e morreu um bebê com o peso no olhar de toda uma vida.

A história é uma reflexão sobre uma sociedade que não vê além das superficialidade e que rejeita tudo fora das normas e padrões preestabelecidos.

Um conto sobre o diferente, o não aceitável, a vergonha social viva nessa situação e sobre a tentativa insana de que o inexplicável se parecesse igual e padronizado.

Benjamin aceitou a vida tal como encontrou. Mas seus pais e a sociedade não.

Para mim essa é a grande sacada de Fitzgerald. Quem nunca se sentiu aprisionado em um corpo que não reconhecia ou numa vida que não entendia, mas que lhe pertencia?

Essa era a jornada diária do personagem que sozinho enfrentou a inversão da ordem natural da vida. Nasceu velho, mas não sábio, foi pai, antes de ser filho, e foi amante antes de ser homem.

Vida triste e solitária. Iria ver todos que amava morrer enquanto seu corpo rejuvenescia.

Diria que é uma história sobre a solidão, mais do que sobre a diferença. O que a transformaria não no caso de Benjamin, mas no caso de todo ser humano, que está fadado a solidão, assim nasceu e assim morrerá.

É uma história sobre nós. Aprisionados num corpo que nem sempre corresponde ao seu conteúdo. Uma casca que não acompanha a alma. Ou sobre eu e você, caro único leitor amigo, que nascemos velhos e passamos a vida tentando se permitir começar a ser jovens.

Em 2008, o conto inspirou um longa metragem, o qual recomendo. Muito interessante, mas bem diferente do original, sua rispidez foi retirada e deu lugar a uma história de amor ao longo dos tempos.

1 comentários:

Clari... disse...

Não vi o filme, mas verei... e não li o conto, mas assim q vc me mandar eu lerei :P
gostei da sua visão a respeito...