quinta-feira, junho 30, 2005

Normal... Olha mais de perto!

Há dias que é difícil manter a mente produtiva. Mas pior que isso é tentar fazer a cabeça parar de pensar, definitivamente essa é uma coisa que gostaria de saber fazer, e que obviamente não consigo. A minha cabeça perece um filme desconexo, na qual não consigo evitar que o passado, presente e futuro mesclem-se de forma incompreensível.

Fico fixada em trechos e pessoas específicas, como uma fita emperrada na rebobinagem, que ao mesmo tempo são confundidos com as histórias que invento dentro da minha insanidade, coisas que diria e faria, o que me responderiam, os diferentes locais que são palcos das estórias, etc.

Tudo invenção das minhas loucuras, porém normalmente me trago a realidade rapidamente, mas esses 60 segundos costumam ser perfeitos, mas tenho que correr deles com certa velocidade para evitar que me transforme em uma altista no meu mundo de OZ, onde encontro magia, coragem, coração e inteligência.

Hoje mesmo tentava pensar sobre assuntos interessantes que gostaria de escrever neste blog, porém nada me encantava, revoltava ou entristecia. Especialmente porque a minha mente já estava ocupada com seus devaneios que não tem espaço na minha vida real pragmática. É impressionante como a mente tem a capacidade de nos pregar peças, ou pelo menos a minha me prega.

Nessas horas, é que concordo ainda mais com Caetano: “De perto ninguém é normal” ...

terça-feira, junho 28, 2005

Para que serve uma relação?

Drauzio varela

Definição mais simples e exata sobre o sentido de mantermos uma relação? "Uma relação tem que servir para tornar a vida dos dois mais fácil"

Vou dar continuidade a esta afirmação porque o assunto é bom, e merece ser desenvolvido. Algumas pessoas mantém relações para se sentirem integradas na sociedade, para provarem a sí mesmas que são capazes de ser amadas, para evitar a solidão, por dinheiro ou por preguiça. Todos fadados à frustração. Uma armadilha.

Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado.

Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo, enquanto você prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante,
para ter alguém com quem ficar em silêncio, sem que nenhum dos dois se incomode com isso.

Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada uma pessoa bonita a seu modo.

Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.

Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem o corpo um do outro, quando o cobertor cair.

Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro no médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois.

segunda-feira, junho 27, 2005

As mulheres de verdade

Caro único leitor amigo, sei que você está pensando que efetivamente não escrevo eu mesma a algum tempo neste blog. Fico só colando textos alheios, fazer o que se o tempo e o bom senso quanto à minha falta de qualidade literária não estão me permitindo escrever ultimamente. Mas em breve I will be back! Enquanto isso, aproveite a leitura das colunas deste mês da revista TPM, que por sinal estão muito boas. Este texto particularmente me diz muito coisa.

As mulheres de verdade
Clarah Averbuck fala sobre os (inviáveis) padrões de beleza – Revista TPM


Eu passei bom tempo da minha vida tentando ser magra. Me estragava com toda a sorte de remédios tarja preta, declarava meu amor pelos efeitos das boletas, tirando a fome, me mantendo acordada e me apodrecendo por dentro. Lindo, palmas para mim. Tentando entrar no padrão que eu nunca iria alcançar porque simplesmente não sou assim. Meu corpo não permite que eu seja magrela a não ser com uma vida de privações que eu não estou nem um pouco a fim de encarar. Só agora me dei conta disso. E a questão aqui nem é ser magra ou gorda ou peituda. O problema é o padrão. Eu fiquei achando fotos da Marilyn Monroe pra mostrar pra quem me enche o saco. Não foi ela um dos maiores sex symbols de todos os tempos? Bom, eu estou bem mais pra Marilyn Monroe e Bettie Page do que pra qualquer uma das magrelas e/ou gostosas malhadas de borracha que posam por aí. Elas tinham celulite e ninguém reclamava. Celulite! Antes eu sofria, agora quase me orgulho. Desde que não seja em excesso (eu até uso uns creminhos, confesso), bem, eu não tenho photoshop pra passar na minha bunda. Essa sou eu e fim. Aí eu fiquei olhando as fotos de todas essas pin ups que todo mundo adora e pensei: como se sentiam as magrelas nessa época? Mal. Certamente. Elas deviam se olhar no espelho e cobiçar quadris roliços, coxas, peitos e até uma barriguinha. Era feio ser magra.

Não sei quando o padrão das magrelas entrou em vigor – sim, vigor, como uma lei irrefutável onde, se você não é assim, é errada e tem que entrar na porra do padrão ou fica todo mundo enchendo o saco, “nossa, você engordou, né?” ou “nossa, você emagreceu, né?”. E eles com isso? Elogiosamente ou pejorativamente ninguém tem o direito de ficar falando sobre forma dos outros, sei lá, podem até pensar mas eu me sinto meio invadida quando falam essas coisas. Cada um é bonito do seu jeito. Claro que algumas pessoas podem não se sentir bem com sua forma e quererem se livrar de alguns quilos ou ganhar alguns quilos ou até mesmo botar uns peitos, ora bolas, o corpo é delas e desde que se sintam bem sem ficarem loucas olhando capas de revistas (eu sei porque já fiquei) e simplesmente mirar-se no espelho dizendo: “Olha, esta sou eu, eu estou bonita, me sinto bem e não vou deixar nenhuma besta ficar me dizendo que eu preciso fazer isso ou aquilo”. Não gosta? Sai fora. Meta-se numa festa de modelos de 15 anos e 40 quilos e veja como se sente. E tente conversar sobre qualquer assunto com elas. Sem querer soar preconceituosa, mas tenho certeza de que vai voltar correndo para a vida de verdade, onde as mulheres só são perfeitas nas revistas. E quando são no mundo real é porque dedicam a vida toda a isso. E o resto, as coisas de dentro, os livros, os discos, a vida, bem, pelo menos pra mim o resto é que conta. Descobrir que alguém gosta de mim como sou sem ficar me chamando de “chubby”, fazendo eu me sentir como uma pessoa rejeitada em relação às perfeitas e me deixando triste. Ninguém nunca mais vai me deixar triste ou neurótica comigo mesma. Aprendi a me sentir bem. E fim.

sábado, junho 25, 2005

Cinco segundos

João Paulo Cuenca (Colunista da Revista TPM)
O colunista-penetra se apaixona


Foi num dia daqueles em que o centro fica vazio, e o pessoal do escritório joga papel picado pela janela. Fim do ano e do expediente. Você apareceu, sorriu meia dúzia de amigas e sentou na mesa ao lado. Bebendo cerveja de garrafa e comendo amendoim, cabelo preso num coque. Os papéis chovendo pela janela. Depois de você ali, a cidade calou: bocas abrindo e fechando, garçons de gravata anotando pedidos, moleques pedindo moedas, ônibus relinchando, tudo sem emitir um pio sequer. No meio do povaréu, eu podia ouvir seus dentes quebrando os amendoins, goles descendo pela sua garganta, cílios se roçando num piscar de olhos. Senti seus lábios tateando meus ouvidos. Sua chegada condenou toda aquela gente à morte instantânea.

Naquele momento, fiquei sabendo de tudo. Que iríamos nos conhecer em cerca de meia hora, quando eu me levantasse para falar bonito, entre goles e nossos olhares de espadachim. Sabia que treparíamos poucos dias depois como dois desesperados, pais de filhos natimortos, nos enlevando como quem precisa. Fiquei sabendo, olhando para você na outra mesa, que nossa persistência seria comparável à teimosia de ditadores, cães loucos e donas de casa. Que nosso amor arrancado a fórceps seria perdido para ser encontrado depois, reencontrado depois, muitas vezes, quantas vezes fosse preciso.

Sabia que brigaríamos como nunca fizemos com ninguém antes e nos xingaríamos de nomes que você teria vergonha de contar até para si mesma. Mas depois faríamos as pazes, doentes de paixão, como nunca fizemos antes. Bêbados, dançando e rindo do que só nós dois poderíamos entender. Trocando a noite pelo dia, trancados por semanas aqui em casa, ouvindo música, vendo filmes, dormindo abraçados. Sabia que, rapidamente, ganharíamos intimidade: banheiro de porta aberta, beijo sem escovar os dentes, você fazendo café de calcinha. E sabia que você falaria, alguns meses depois, que eu era o melhor amante que você já teve. E você falaria que nunca mais iria querer outra pessoa. Que o meu pau seria o melhor e mais gostoso do planeta – e continuaria sendo por todas as vidas que você pudesse encarnar. E sabia que você, entre muxoxos, diria que gostaria de acordar na minha cama todos os dias. Você até iria querer, essa nem eu esperava, me dar um molequinho de presente. Antes de você beber a cerveja do seu copo, eu já sabia como iria gostar de ouvir todas essas mentiras. E como iria te retribuir com verdades.


Psicopata de cinema


Também sabia que, mesmo assim, apesar e por causa disso, eu ficaria ciumento e obsessivo como um psicopata de cinema. Faria perguntas insidiosas sobre seu passado, ex-amantes e namorados. Sobre quem te levou para a cama e quem te deixou lá. Descobri que ficaria com taquicardia e mãos trêmulas ao imaginar você com outra pessoa, no futuro ou no passado. Descobri que você iria despertar o meu melhor e o meu pior, em proporções igualmente febris. E também descobri que iríamos superar isso. E, depois de um ano, nos casar: montaríamos um apartamento cheio de coisas suas e minhas. Um novo jeito de fazer tudo, nem seu, nem meu, mas nosso.

Você me ensinaria, com seus modos calados, a viver melhor. Tomar banho lavando as costas, comer várias vezes por dia, pensar menos. Você iria combater meu impulso suicida contra o nosso amor. Não sei se você chegou a descobrir isso ainda, mas não é que o amor simplesmente acabe. O amor é morto em dias claros como este. Carrega em si a semente desse assassinato. Às vezes o crime é doloso. Mas o normal é que seja morto corriqueiramente, como um tropeço. Com você seria diferente. Descobri, só de olhar o jeito de o cabelo cair na sua testa, que você lutaria até o fim para que eu não esquartejasse o nosso amor. Você iria conseguir.

Sabendo disso tudo, foi como se não tivesse escolha. Deixei uns trocados na mesa, levantei e lancei um último olhar na sua direção, já quase virando a esquina. Depois disso, cheguei a te procurar em outros bares e saideiras. Em alguns meses, acabei esquecendo seus olhos verdes e, com eles, tudo que descobri, em não mais que cinco segundos, num dia daqueles em que o centro fica vazio, e a gente do escritório joga papel picado pela janela. O amor é morto em dias claros como este.

quinta-feira, junho 23, 2005

Liquidificador de Memórias

João Paulo Cuenca, ele escreve para a revista TPM

A leitora vira a página da revista e dá de cara com a coluna. Com sorte, lerá o texto até o final. Talvez gaste um ou dois pensamentos sobre o que leu e tire alguma conclusão. Se o escritor for muito afortunado, a leitora poderá ficar dias com o texto martelando na cabeça. Pode até copiá-lo para os amigos, colar a página na porta do armário e elogiar o autor. O tempo que a coluna vai durar para a leitora dos sonhos do colunista é, vá lá, trinta dias. A leitora média deve esquecê-lo em cinco minutos e a impaciente em trinta segundos. O próprio autor corre o risco de esquecer o que escreveu, perdido sob uma montanha de textos velhos e possivelmente constrangedores para ele mesmo, passados uma ou duas dúzias de anos.

A leitora vai ao cinema e adora o que vê. Depois, na praça de alimentação, as opiniões se dividem sobre o filme. Algumas amigas da leitora odeiam a história e automaticamente caem no seu desgosto – um bom filme é capaz de sepultar amizades profundíssimas. A leitora pode vestir determinada roupa influenciada pelo filme, sonhar com os seus personagens e, mais ainda, querer ser um deles. Paixão parecida pode despertar uma peça de teatro, livro ou banda de rock. A leitora vai diversas vezes ao teatro para ver a mesma peça: decora o texto e chega a corrigir os atores. A leitora relê um livro com entusiasmo e acaba mudando um pouco seu jeito de pensar por causa dele: os outros se transformam em simplesmente aqueles que ainda não leram o livro, o resto do mundo. Com a música, mais do mesmo: a leitora só sente vontade de ouvir aquele disco e o esperado encontro com o artista, viagem para o país marcada e cancelada inúmeras vezes, ganha ares de experiência espiritual, epifania e consagração.

Depois do cinema, a leitora passa uma noite especialmente divertida e agradável. Volta com o namorado para casa, bota o disco da banda preferida no som, conta sobre o grande filme e, se o colunista estiver com sorte, fala sobre o texto que leu na Tpm do mês passado. A leitora se larga ao namorado, nua e espontânea, braços e pernas soltos sobre a cama. Depois deita sobre o peito do namorado e dorme sem sonhar. A leitora está completa e realizada – não deseja estar em nenhum lugar que não seja ali, agora. A leitora tem a nítida sensação que o exato instante em que ganha consciência de tamanha felicidade, poucos segundos antes de dormir, vai durar para sempre e jamais será esquecido.

Mas todos esquecemos. Da enorme maioria dos filmes, bandas, peças, livros, noitadas, amigas, viagens, namorados e namoradas. Os filmes duram em média dois meses; as bandas, um ano; as peças, onze meses; os livros, seis meses; as noitadas, entre quarenta e oito horas e três semanas; as amigas, cinco anos; as viagens, quatro anos e meio; e os ex-namorados e namoradas, entre seis meses e um ano. O eterno acaba durando bem menos do que a encomenda.

De quantos momentos marcantes a leitora é capaz de lembrar? Cinco? Vinte e três? Onze? Sambando numa pista de dança vazia de uma antiga casa na Lapa, indo para a Disney aos quinze anos, a primeira vez que viu um homem nu, aquele porre na chopada da faculdade, quando viu seu pai chorar, assaltada indo para o colégio, usando vestido sem calcinha, festa na cobertura do hotel, primeira vez que amou tanto que achou que fosse a última. A leitora não tem como saber quais lembranças realmente vão emplacar, passados uma ou duas dúzias de anos.

Somos incapazes de organizar nossas lembranças, ordená-las sob critério racional e encontrar algum sentido nelas. Mestre Waly Salomão dizia aos brados que a “memória é uma ilha de edição”. Acho que está mais para um liquidificador onde fatos, lugares e pessoas se retalham e confundem. A idéia de fazer da vida presente eternidade e do amor presente o último é uma extravagância retrógrada e fora de moda. Mas as leitoras devem saber que este colunista é um homem praticamente medieval, de hábitos obsoletos e quixotescos. E que deseja emplacar ele mesmo entre tantas memórias da menina. Mais ainda: construir novas e chutar a bunda das velhas lembranças da menina.

Ontem, mais sóbrio do que nunca, escalei a torre de um castelo, lutei contra dez moinhos, trinta e dois dragões de sete cabeças, e pedi a mão da menina triste de olhos verdes...

quarta-feira, junho 22, 2005

As 100 melhores frases do cinema americano

Essa lista das 100 melhores frases do cinema americano é muito boa. Apesar de eu achar que falta algumas, e tem Casa Blanca e o Vento Levou em demasia.

Se você viu o filme, você irá lembrar. Se você não viu, quem perdeu foi você, porque só tem clássicos.

Eu coloquei o link no título do post, ali em cima, mas a pedidos colei a lista aqui também.

A Lista das Melhores Frases do Cinema Americano

1. “Frankly, my dear, I don’t give a damn,” “Gone With the Wind,” 1939.
2. “I’m going to make him an offer he can’t refuse,” “The Godfather,” 1972.
3. “You don’t understand! I coulda had class. I coulda been a contender. I could’ve been somebody, instead of a bum, which is what I am,” “On the Waterfront,” 1954.
4. “Toto, I’ve got a feeling we’re not in Kansas anymore,” “The Wizard of Oz,” 1939.
5. “Here’s looking at you, kid,” “Casablanca,” 1942.
6. “Go ahead, make my day,” “Sudden Impact,” 1983.
7. “All right, Mr. DeMille, I’m ready for my close-up,” “Sunset Blvd.,” 1950.
8. “May the Force be with you,” “Star Wars,” 1977.
9. “Fasten your seatbelts. It’s going to be a bumpy night,” “All About Eve,” 1950.
10. “You talking to me?” “Taxi Driver,” 1976.
11. “What we’ve got here is failure to communicate,” “Cool Hand Luke,” 1967.
12. “I love the smell of napalm in the morning,” “Apocalypse Now,” 1979.
13. “Love means never having to say you’re sorry,” “Love Story,” 1970.
14. “The stuff that dreams are made of,” “The Maltese Falcon,” 1941.
15. “E.T. phone home,” “E.T. the Extra-Terrestrial,” 1982.
16. “They call me Mister Tibbs!”, “In the Heat of the Night,” 1967.
17. “Rosebud,” “Citizen Kane,” 1941.
18. “Made it, Ma! Top of the world!”, “White Heat,” 1949.
19. “I’m as mad as hell, and I’m not going to take this anymore!”, “Network,” 1976.
20. “Louis, I think this is the beginning of a beautiful friendship,” “Casablanca,” 1942.
21. “A census taker once tried to test me. I ate his liver with some fava beans and a nice Chianti,” “The Silence of the Lambs,” 1991.
22. “Bond. James Bond,” “Dr. No,” 1962.
23. “There’s no place like home,” “The Wizard of Oz,” 1939.
24. “I am big! It’s the pictures that got small,” “Sunset Blvd.,” 1950.
25. “Show me the money!”, “Jerry Maguire,” 1996.
26. “Why don’t you come up sometime and see me?”, “She Done Him Wrong,” 1933.
27. “I’m walking here! I’m walking here!”, “Midnight Cowboy,” 1969.
28. “Play it, Sam. Play ’As Time Goes By,”’ “Casablanca,” 1942.
29. “You can’t handle the truth!”, “A Few Good Men,” 1992.
30. “I want to be alone,” “Grand Hotel,” 1932.
31. “After all, tomorrow is another day!”, “Gone With the Wind,” 1939.
32. “Round up the usual suspects,” “Casablanca,” 1942.
33. “I’ll have what she’s having,” “When Harry Met Sally...,” 1989.
34. “You know how to whistle, don’t you, Steve? You just put your lips together and blow,” “To Have and Have Not,” 1944.
35. “You’re gonna need a bigger boat,” “Jaws,” 1975.
36. “Badges? We ain’t got no badges! We don’t need no badges! I don’t have to show you any stinking badges!”, “The Treasure of the Sierra Madre,” 1948.
37. “I’ll be back,” “The Terminator,” 1984.
38. “Today, I consider myself the luckiest man on the face of the earth,” “The Pride of the Yankees,” 1942.
39. “If you build it, he will come,” “Field of Dreams,” 1989.
40. “Mama always said life was like a box of chocolates. You never know what you’re gonna get,” “Forrest Gump,” 1994.
41. “We rob banks,” “Bonnie and Clyde,” 1967.
42. “Plastics,” “The Graduate,” 1967.
43. “We’ll always have Paris,” “Casablanca,” 1942.
44. “I see dead people,” “The Sixth Sense,” 1999.
45. “Stella! Hey, Stella!”, “A Streetcar Named Desire,” 1951.
46. “Oh, Jerry, don’t let’s ask for the moon. We have the stars,” “Now, Voyager,” 1942.
47. “Shane. Shane. Come back!”, “Shane,” 1953.
48. “Well, nobody’s perfect,” “Some Like It Hot,” 1959.
49. “It’s alive! It’s alive!”, “Frankenstein,” 1931.
50. “Houston, we have a problem,” “Apollo 13,” 1995.
51. “You’ve got to ask yourself one question: ’Do I feel lucky?’ Well, do ya, punk?”, “Dirty Harry,” 1971.
52. “You had me at ‘hello,”’ “Jerry Maguire,” 1996.
53. “One morning I shot an elephant in my pajamas. How he got in my pajamas, I don’t know,” “Animal Crackers,” 1930.
54. “There’s no crying in baseball!”, “A League of Their Own,” 1992.
55. “La-dee-da, la-dee-da,” “Annie Hall,” 1977.
56. “A boy’s best friend is his mother,” “Psycho,” 1960.
57. “Greed, for lack of a better word, is good,” “Wall Street,” 1987.
58. “Keep your friends close, but your enemies closer,” “The Godfather Part II,” 1974.
59. “As God is my witness, I’ll never be hungry again,” “Gone With the Wind,” 1939.
60. “Well, here’s another nice mess you’ve gotten me into!”, “Sons of the Desert,” 1933.
61. “Say ‘hello’ to my little friend!”, “Scarface,” 1983.
62. “What a dump,” “Beyond the Forest,” 1949.
63. “Mrs. Robinson, you’re trying to seduce me. Aren’t you?”, “The Graduate,” 1967.
64. “Gentlemen, you can’t fight in here! This is the War Room!”, “Dr. Strangelove,” 1964.
65. “Elementary, my dear Watson,” “The Adventures of Sherlock Holmes,” 1929.
66. “Get your stinking paws off me, you damned dirty ape,” “Planet of the Apes,” 1968.
67. “Of all the gin joints in all the towns in all the world, she walks into mine,” “Casablanca,” 1942.
68. “Here’s Johnny!”, “The Shining,” 1980.
69. “They’re here!”, “Poltergeist,” 1982.
70. “Is it safe?”, “Marathon Man,” 1976.
71. “Wait a minute, wait a minute. You ain’t heard nothin’ yet!”, “The Jazz Singer,” 1927.
72. “No wire hangers, ever!”, “Mommie Dearest,” 1981.
73. “Mother of mercy, is this the end of Rico?”, “Little Caesar,” 1930.
74. “Forget it, Jake, it’s Chinatown,” “Chinatown,” 1974.
75. “I have always depended on the kindness of strangers,” “A Streetcar Named Desire,” 1951.
76. “Hasta la vista, baby,” “Terminator 2: Judgment Day,” 1991.
77. “Soylent Green is people!”, “Soylent Green,” 1973.
78. “Open the pod bay doors, HAL,” “2001: A Space Odyssey,” 1968.
79. Striker: “Surely you can’t be serious.” Rumack: “I am serious ... and don’t call me Shirley,” “Airplane!”, 1980.
80. “Yo, Adrian!”, “Rocky,” 1976.
81. “Hello, gorgeous,” “Funny Girl,” 1968.
82. “Toga! Toga!”, “National Lampoon’s Animal House,” 1978.
83. “Listen to them. Children of the night. What music they make,” “Dracula,” 1931.
84. “Oh, no, it wasn’t the airplanes. It was Beauty killed the Beast,” “King Kong,” 1933.
85. “My precious,” “The Lord of the Rings: The Two Towers,” 2002.
86. “Attica! Attica!”, “Dog Day Afternoon,” 1975.
87. “Sawyer, you’re going out a youngster, but you’ve got to come back a star!”, “42nd Street,” 1933.
88. “Listen to me, mister. You’re my knight in shining armor. Don’t you forget it. You’re going to get back on that horse, and I’m going to be right behind you, holding on tight, and away we’re gonna go, go, go!”, “On Golden Pond,” 1981.
89. “Tell ’em to go out there with all they got and win just one for the Gipper,” “Knute Rockne, All American,” 1940.
90. “A martini. Shaken, not stirred,” “Goldfinger,” 1964
91. “Who’s on first,” “The Naughty Nineties,” 1945.
92. “Cinderella story. Outta nowhere. A former greenskeeper, now, about to become the Masters champion. It looks like a mirac ... It’s in the hole! It’s in the hole! It’s in the hole!”, “Caddyshack,” 1980.
93. “Life is a banquet, and most poor suckers are starving to death!”, “Auntie Mame,” 1958.
94. “I feel the need — the need for speed!”, “Top Gun,” 1986.
95. “Carpe diem. Seize the day, boys. Make your lives extraordinary,” “Dead Poets Society,” 1989.
96. “Snap out of it!”, “Moonstruck,” 1987.
97. “My mother thanks you. My father thanks you. My sister thanks you. And I thank you,” “Yankee Doodle Dandy,” 1942.
98. “Nobody puts Baby in a corner,” “Dirty Dancing,” 1987.
99. “I’ll get you, my pretty, and your little dog, too!”, “The Wizard of Oz,” 1939.
100. “I’m king of the world!”, “Titanic,” 1997.

terça-feira, junho 21, 2005

Quem entende os homens?

Eu sempre achei que entendia os homens. Sempre tive amigos homens, e sempre falamos de tudo abertamente.

Só que o tempo passou e aí eu descobri que não entendo os homens coisíssima nenhuma. Uma coisa é estar com os meus amigos num bar quando passa uma gostosa, todo mundo olhar e concordar: é uma gostosa. Outra coisa é você entender a cabeça dos homens que contam no mercado. Claro! Amigo é como irmão, não conta. Se bem que alguns poucos, deixa para lá.

Não que eu entenda muitas coisas nesse mundo maluco. Mas realmente uma coisa que não entendo são os homens. Eu, como todas as mulheres desde Eva, não consigo entender o que se passa nas mentes destes seres complicados e para o que interessa mudos ou monossilábicos.

É impressionante como eles pensam diferente das mulheres, e quando tem uma mulher que pense igual a eles, eles não gostam. Não entendo porque homem gosta que a mulher chegue junto, mas não quer namorar ela.

Claro que os homens dirão que as mulheres são tão ou mais complexas que eles, mas pelo menos nós falamos o que pensamos. Somos até acusadas de querer discutir a relação!

Mas interessante são as mentiras que os homens contam ... Como diria o Luís Fernando Veríssimo, contam apenas para proteger as mulheres... Ah, tá bom...

É impressionante como eles tem dificuldade em serem diretos e francos, tem que falar aquelas velhas abobrinhas. Exemplo ilustrativo: Eu te ligo amanhã. Essa é a melhor!

Como diz uma amiga minha: “Não se faz mais cavalheiros, aqueles que ligam e te convidam para sair e ainda te buscam em casa. Agora os caras não ligam. Ou se ligam, ligam no fim-de-semana perguntando pra onde você vai sair, aí se ele tiver lá, já tem algo mais garantido, porque afinal ele pode pular o chaveco inicial.”

Quem entende os homens?

Eu não entendo.

Sex and the City


Eu admito que faço testes idiotas. Não com muita freqüência, mas caiu nessa tentação barata às vezes. Como se você, caro único leitor amigo, também não fizesse. Conta outra!
Então fiz esse da TPM: Quem é você em Sex and the City. Como se eu não soubesse que daria a Miranda!
Posted by Hello

Ausência

Carlos Drummond de Andrade

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."

Mesmo que...

“Eu me reinvento,
Mudo de opinião a cada segundo,
Mantenho a eternamente a mesma idéia fixa,
Amo e desamo sem calendário e rota.
Mas nada vale a pena,
Só pra quem nem quer tentar.
Para quem se arrisca,
Tudo vale a pena,
Mesmo que por uma fração de segundo,
Mesmo que tudo que eu queira seja um grande engano.”

domingo, junho 19, 2005

A Arte da Felicidade

“O propósito da nossa vida é buscar a felicidade”.

Essa é uma frase do Dalai Lama, mas que casa perfeitamente com o que eu sempre acreditei: que a gente vem ao mundo é para ser feliz, e agora acho que estou começando uma fase que amadureci o suficiente para achar um meio de efetivar isso.

Realmente acredito que todos temos direito à felicidade, e que pessoas felizes contribuem muito mais para a sociedade e desfrutam muito mais da interação com o mundo que cada um de nós traz dentro de si.

Mas até aí é tudo muito lindo, mas não oferece nenhum meio para a realização disso. Entretanto, o Dalai Lama disse a coisa mais simples e verdadeira sobre como ser feliz: deve-se identificar os fatores que levam a felicidade e aqueles que levam ao sofrimento, e depois passar a eliminar gradativamente os fatores que levam ao sofrimento e cultivar os que conduzem a felicidade.

É exatamente isso que adotei para minha vida, e mesmo nos momentos que estou triste penso nisso, e tento aplica-lo, e só por isso já me sinto um ser humano um pouco melhor e mais feliz.

Desse caminho para a felicidade percebe-se a coisa mais básica da vida: a felicidade só depende da gente, a felicidade é determinada mais de como percebemos a nossa situação do que de fatores externos e da satisfação que sentimos com o que temos.

O que parece tão óbvio não é facilmente aplicável já que passamos toda a vida cultivando estereótipos, como o de que existirá um messias que virá nos salvar e fará a humanidade livre e feliz, ou de que somos incompletos e que há uma metade em algum lugar que nos fará felizes para sempre, ou de que a riqueza e o sucesso fazem as pessoas felizes, entre outros.

Isso apenas reflete que não nos preparamos para sermos felizes, mas para sermos frustrados. Já que depois da euforia inicial que certos fatores externos trazem, voltamos a sermos as mesmas pessoas e com o mesmo nível de felicidade. E quem não conhece alguém que tem tudo o que a nossa sociedade estipula que seria felicidade e é infeliz e deprimido?

Entretanto, o que é a chave fundamental é cultivar a qualidade mental e a estabilidade interna. Pois não importa quais sejam as condições ou os meios externos que seriam necessários a felicidade, eles nunca nos darão a felicidade que buscamos se não tivermos a capacidade de sermos felizes internamente. Mas do contrário com a qualidade interior e sem os recursos externos que normalmente seriam considerados pré-requisitos a felicidade, pode-se ter uma vida feliz e prazerosa.

Mas alcançar a felicidade não é algo fácil, já que não é fácil cultivar estados mentais positivos e romper com os pensamentos que nos prejudicam. Mas a conscientização da necessidade de tentar faze-lo, e o próprio processo de aprendizado vai nos tornando mais capazes de sermos felizes. Com isso quando as frustrações, os problemas e os maus sentimentos aflorem, poderemos lidar melhor com eles, e que estes movimentem a superfície, mas não atinja as nossas raízes.

Tudo isso pode ser até utópico, e é, mas sem sonhos e metas a gente não sai do lugar, e estou conseguindo evoluir em coisas pontuais na minha vida ao tentar romper com o ciclo do mau estado mental. E hoje eu posso dizer que sou mais feliz que fui ontem, e que amanhã me esforçarei para aprender a ser mais feliz do que sou hoje.

sábado, junho 18, 2005

A prisão do tempo




Todos os dias quando acordo não tenho mais o tempo que passou
Mas tenho muito tempo, temos todo o tempo do mundo
Todos os dias antes de dormir lembro e esqueço como foi o dia
Sempre em frente, não temos tempo a perder ”
(Tempo Perdido, Renato Russo)


“Don’t go away, say what you saybut say that you’ll stay,
forever and a day, in the time of my life
‘Cos a need more time just to make things right”
(Don’t Go Away, Oasis)

“Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou o cara cansado de correr na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara
Mas se você achar que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára”
(O Tempo Não Pára, Arnaldo Brandão e Cazuza)


Diariamente tenho a sensação de estar aprisionada na escravidão contemporânea que é o tempo, e em suas manifestações mais claras o relógio e a agenda. Todos dias acordo em tal horário, tomo café no mesmo horário, almoço mesmo sem fome porque está na hora, etc...Todo dia.... Todo dia....

O que me faz lembrar muito do filme “Tempos Modernos” do Charles Chaplin. Pois este mostra mesmo que de forma cômica a crítica social relacionada a sujeição do homem contemporâneo a escravidão do relógio, com seus horários todos pré-estabelecidos, com seu almoço ou seu jantar atrelados a determinados momentos específicos do dia, mesmo que em alguns dias, não estejamos com fome; com seu lazer estipulado para os finais de semana ou para as folgas alternadas das escalas e turnos estabelecidos pelas empresas; com suas férias tendo que ser vividas no prazo que for dado pelas companhias e assim vai, com os ponteiros oprimindo a espontaneidade e a criatividade dos homens.

Isso enlouquece qualquer um, e alguns dias efetivamente o consegue.

É tão certo que essa automatização e cobrança do cotidiano impera sob nós como uma escravidão que a primeira coisa que faço quando chego em casa é tirar o relógio, é como um símbolo da prisão e da opressão.

Outra faceta da prisão do tempo é a sensação de que estamos sempre perdendo o nosso tempo com essas obrigações do cotidiano, pois passamos muitos anos fazendo o que é esperado que façamos. Um dia a casa cai e percebemos que não nos resta tanto tempo. Em seguida perdemos mais tempo lamentando o tempo que já se passou e como queríamos mais tempo para fazer as coisas certas e as coisas darem certas, além é claro de mais tempo para conseguir realizar os nossos sonhos.

Mas o tempo não pára. Dessa forma enquanto somos jovens reclamamos que não realizamos o que gostaríamos, mas temos aquela certeza que ainda há muito tempo, na sensação de que sempre existirá muito tempo até o futuro chegar. Porém, tenho certeza que nossos pais pensaram a mesma coisa e um dia ao se olharem no espelho, como Drummond tão bem escreveu, não reconheceram estes velhos que miravam os seus olhos.

"Enfim... um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para dizer tudo o que tem que ser dito...O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras..." (Mário Quintana)

quinta-feira, junho 16, 2005

Nossos dias melhores nunca virão?

Sempre estou na corda bamba dividida entre a pressa de viver e realizar e o nostalgismo de como as coisas eram mais serenas no passado. Por isso, acho que me identifiquei com a crise do Jabor. De certa forma quase sempre me identifico com os textos do Jabor, seja pela visão das relações interpessoais da contemporaneidade, seja pelo sarcasmo com os episódios pitorescos de nosso país.

Nossos dias melhores virão?
Arnaldo Jabor

Ando em crise, numa boa, nada de grave. Mas, ando em crise com o tempo. Que estranho "presente" é este que vivemos hoje, correndo sempre por nada, como se o tempo tivesse ficado mais rápido do que a vida, como se nossos músculos, ossos e sangue estivessem correndo atrás de um tempo mais rápido.

As utopias liberais do século 20 diziam que teríamos mais ócio, mais paz com a tecnologia. Acontece que a tecnologia não está aí para distribuir sossego, mas para incrementar competição e produtividade, não só das empresas, mas a produtividade dos humanos, dos corpos. Tudo sugere velocidade, urgência, nossa vida está sempre aquém de alguma tarefa. A tecnologia nos enfiou uma lógica produtiva de fábricas, fábricas vivas, chips, pílulas para tudo.

Temos de funcionar, não de viver. Por que tudo tão rápido? Para chegar aonde? A este mundo ridículo que nos oferecem, para morrermos na busca da ilusão narcisista de que vivemos para gozar sem parar? Mas gozar como? Nossa vida é uma ejaculação precoce.

Estamos todos gozando sem fruição, um gozo sem prazer, quantitativo. Antes, tínhamos passado e futuro; agora, tudo é um "enorme presente", na expressão de Norman Mailer. E este "enorme presente" é reproduzido com perfeição técnica cada vez maior, nos fazendo boiar num tempo parado, mas incessante, num futuro que "não pára de não chegar".

Antes, tínhamos os velhos filmes em preto-e-branco, fora de foco, as fotos amareladas, que nos davam a sensação de que o passado era precário e o futuro seria luminoso. Nada. Nunca estaremos no futuro. E, sem o sentido da passagem dos dias, da sucessibilidade de momentos, de começo e fim, ficamos também sem presente, vamos perdendo a noção de nosso desejo, que fica sem sossego, sem noite e sem dia. Estamos cada vez mais em trânsito, como carros, somos celulares, somos circuitos sem pausa, e cada vez mais nossa identidade vai sendo programada. O tempo é uma invenção da produção. Não há tempo para os bichos. Se quisermos manhã, dia e noite, temos de ir morar no mato.

Há alguns anos, eu vi um documentário chamado Tigrero, do cineasta finlandês Mika Kaurismaki e do Jim Jarmusch sobre um filme que o Samuel Fuller ia fazer no Brasil, em 1951. Ele veio, na época, e filmou uma aldeia de índios no interior do Mato Grosso. A produção não rolou e, em 92, Samuel Fuller, já com 83 anos, voltou à aldeia e exibiu para os índios o material colorido de 50 anos atrás. E também registrou, hoje, os índios vendo seu passado na tela. Eles nunca tinham visto um filme e o resultado é das coisas mais lindas e assustadoras que já vi.

Eu vi os índios descobrindo o tempo. Eles se viam crianças, viam seus mortos, ainda vivos e dançando. Seus rostos viam um milagre. A partir desse momento, eles passaram a ter passado e futuro. Foram incluídos num decorrer, num "devir" que não havia.

Hoje, esses índios estão em trânsito entre algo que foram e algo que nunca serão. O tempo foi uma doença que passamos para eles, como a gripe. E pior: as imagens de 50 anos é que pareciam mostrar o "presente" verdadeiro deles. Eram mais naturais, mais selvagens, mais puros naquela época. Agora, de calção e sandália, pareciam estar numa espécie de "passado" daquele presente. Algo decaiu, piorou, algo involuiu neles.
Lembrando disso, outro dia, fui atrás de velhos filmes de 8mm que meu pai rodou há 50 anos também. Queria ver o meu passado, ver se havia ali alguma chave que explicasse meu presente hoje, que prenunciasse minha identidade ou denunciasse algo que perdi, ou que o Brasil perdeu...

Em meio às imagens trêmulas, riscadas, fora de foco, vi a precariedade de minha pobre família de classe média, tentando exibir uma felicidade familiar que até existia, mas precária, constrangida; e eu ali, menino comprido feito um bambu no vento, já denotando a insegurança que até hoje me alarma. Minha crise de identidade já estava traçada. E não eram imagens de um passado bom que decaiu, como entre os índios. Era um presente atrasado, aquém de si mesmo. A mesma impressão tive ao ver o filme famoso de Orson Welles, It's All True, em que ele mostra o carnaval carioca de 1942 - únicas imagens em cores do País nessa década. Pois bem, dava para ver, nos corpinhos dançantes do carnaval sem som, uma medíocre animação carioca, com pobres baianinhas em tímidos meneios, galãs fraquinhos imitando Clark Gable, uma falta de saúde no ar, uma fragilidade indefesa e ignorante daquele povinho iludido pelos burocratas da capital. Dava para ver ali que, como no filme de minha família, estavam aquém do presente deles, que já faltava muito naquele passado.

Vendo filmes americanos dos anos 40, não sentimos falta de nada. Com suas geladeiras brancas e telefones pretos, tudo já funcionava como hoje. O "hoje" deles é apenas uma decorrência contínua daqueles anos. Mudaram as formas, o corte das roupas, mas eles, no passado, estavam à altura de sua época. A Depressão econômica tinha passado, como um grande trauma, e não aparecia como o nosso subdesenvolvimento endêmico. Para os americanos, o passado estava de acordo com sua época. Em 42, éramos carentes de alguma coisa que não percebíamos. Olhando nosso passado é que vemos como somos atrasados no presente. Nos filmes brasileiros antigos, parece que todos morreram sem conhecer seus melhores dias.

E nós, hoje, nesta infernal transição entre o atraso e uma modernização que não chega nunca? Quando o Brasil vai crescer? Quando cairão afinal os "juros" da vida? Chego a ter inveja das multidões pobres do Islã: aboliram o tempo e vivem na eternidade de seu atraso. Aqui, sem futuro, vivemos nessa ansiedade individualista medíocre, nesse narcisismo brega que nos assola na moda, no amor, no sexo, nessa fome de aparecer para existir. Nosso atraso cria a utopia de que, um dia, chegaremos a algo definitivo. Mas, ser subdesenvolvido não é "não ter futuro"; é nunca estar no presente.

quarta-feira, junho 15, 2005

Amar é um ato de coragem

Amar é um ato de coragem!

Hoje recebi esta frase em uma mensagem, não sei se a pessoa que me enviou teve a exata noção de como aquilo me tocara. Talvez a tenha neste exato momento.

Realmente para se amar tem que ter coragem, mas principalmente tem-se que ter o desprendimento para se permitir viver o sentimento. O que aparentemente parece fácil, é uma das coisas mais difícil para a maioria das pessoas. É muito mais cômodo não ser de ninguém, ficar na sua ostra e manter a pose de auto-suficiente. O que parece tão moderno e liberal, na verdade é algo mais perto da covardia.

Para se amar tem que se baixar à guarda, que admitir para o outro que está vulnerável e que está disposto a possibilitar que o outro te magoe, mas que também está disposto a amar e ser amado, e a entrar em contato com o mundo novo que está no outro. Um mundo que não conhecemos as regras, as direções e que não temos a cartilha. Sim: para adentrar esse mundo precisamos de atitude.

Por isso, eu sempre admirei e até invejei essas pessoas que tem coragem de admitir que amam, declarar ao outro, possibilitar viver este sentimento, mesmo que quebrem a cara e sejam magoadas. Eu como a maioria das pessoas nunca disse: Eu te amo!
Essa pessoa que me mandou essa frase é uma dessas que tenho admiração e inveja, e são desses amigos que tenho saudades e não só nos verões. Caro único leitor amigo, acho que esses amigos nunca saberão o quanto me modificaram como ser humano e como marcaram irremediavelmente o meu caminho.

terça-feira, junho 14, 2005

Ser ou não Ser de Ninguém?

Arnaldo Jabor


Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta os braços, sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também".
No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.

Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim. Mas por que reclamam depois?

Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, onde "toda ação tem uma reação".

Agir como tribalista tem conseqüências, boas e ruins, como tudo na vida....

Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc. Embora já saibam namorar, "os tribalistas" não namoram. Ficar, também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "namorix".A pessoa pode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo.

Dificilmente está apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho.

Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada.
Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança? A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim como só deseja "a cereja do bolo tribal", enxerga somente o lado negativo das relações mais sólidas.

Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor.

Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter "alguém para amar".

Já dizia o poeta que "amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocínio, esbarraremos na lição que nos foi passada nas décadas passadas: relação é sinônimo de desilusão. O número avassalador de divórcios nos últimos tempos, só veio a confirmar essa tese e aqueles que se divorciaram ( pais e mães dos adeptos do tribalismo), vendem na maioria das vezes a idéia de que casar é um péssimo negócio e que uma relação sólida é sinônimo de frustrações futuras.

Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição. No entanto, vivemos em uma época muito diferente daquela em que nossos pais viveram. Hoje podemos optar com maior liberdade e não somos mais obrigados a "comer sal junto até morrer". Não se trata de responsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente aos acontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somos responsáveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as lições que nos chegam.

A questão não é causal, mas quem sabe correlacional. Podemos aprender a amar se relacionando, trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins.

Ser de todo mundo e não ser de ninguém é o mesmo que não ter ninguém também...É não ser livre para trocar e crescer...É estar fadado ao fracasso emocional e à tão temida solidão.

segunda-feira, junho 13, 2005

I wanna go home

Sem muito o que falar hoje. Na maioria das vezes tentar traduzir o que só o olhar pode dizer parece pouco eloqüente. Por isso, deixo apenas a letra de uma música que tem uma linda melodia, a letra parece um pouco simplória, porém me faz pensar o que faz de um lugar seu lar. São as pessoas? São as lembranças? É o que o lugar nós faz sentir? Ou simplesmente sentir-se seguros? É o aroma que o local exala?

HOME
Michael Dublé

Another summer day
Is come and gone away
In Paris and Rome
But I wanna go home

Maybe surrounded by
A million people I
Still feel all alone
I just wanna go home
I miss you, you know

And I've been keeping all the letters that I wrote to you
Each one a line or two
"I'm fine baby, how are you?"
Well I would send them but I know that it's just not enough
My words were cold and flat
And you deserve more than that

Another aeroplane
Another sunny place
I'm lucky I know
But I wanna go home
I've got to go home

Let me go home
I'm just too far
From where you are
I wanna come home

domingo, junho 12, 2005

Alguém pra chamar de seu

Feliz Dia dos Namorados!
 
Alguém pra chamar de seu
 
Luiz Caversan (jornalista e escreve para a Folha Online aos sábados)
 
De novo a mesma coisa: celulares, viagens maravilhosas, oportunidades imperdíveis, argumentos incontornáveis para você dizer para o seu bem, sim, eu te amo, no tal dia dos namorados.
 
Nas últimas semanas, a mídia e praticamente tudo o que nos cerca fizeram com que nos sentíssemos quase que obrigados, primeiro a ter alguém para chamar de seu, e, segundo, a dar um presente inesquecível para este bem.
 
Como reles mortal, obviamente fui atingido pela eficiência dos nosso publicitários, e fiquei querendo muito, sobretudo na última semana, ter sim alguém pra chamar, no caso, de minha.
 
Mas não para presentear com celulares, perfumes, viagens ou com um carro zero.Queria mais era dar para o meu bem um pouco da cor dos crepúsculos desses dias frios, o contorno do morro Dois Irmãos que vi ainda há pouco no horizonte de Ipanema, o olhar incrivelmente saudável daquela menina doente que encontrei no metrô outro dia, a capacidade de manter o desfrute do prazer sempre no plano do consciente para que haja o engrandecimento da alma, a percepção de que a mentira às vezes ocorre de forma tão espontânea quanto a transpiração (Machado), a capacidade de perceber que o sorriso do cachorro está no rabo (Jards Macalé); uma, só uma bolinha da água Pellegrino, um pastel de feira de palmito, uma, só uma, taça de champanhe rosê, um livro para ser lido com prazer até o fim, um banho de infusão com sal grosso ou ervas finas.
 
Gostaria, quem sabe, de dar um pouco de certeza, mas não tenho nenhuma disponível no momento. Talvez uma resposta, mas nem sequer sei a pergunta! Um pouco de luz, mas perdi os fósforos... Uma palavra amiga, mas minha garganta está meio seca e muda. Carinho, sim, daria, ou pelo menos tentaria dar, para quem soubesse ou se dispusesse a receber o meu tipo.
 
Será que há?
Quem sabe, pensei, poderia fazer um discurso retumbante, recitar versos emocionantes ou transpor muros e montanhas para fixar, lá no alto, a bandeira das minhas sensibilidades e das carências?
 
Desisti, porque me lembrei de que, quando você tem realmente alguém para chamar de seu, quando conquista esse direito, quando é premiado com essa dádiva, não há necessidade nenhuma de comprová-lo, afirmar ou reafirmar.
 
Mesmo que a vontade seja a de mudar como um deus o curso da história por causa do seu bem (G.Gil), nada há a explicar, solicitar, expor, mencionar, muito menos a exigir, cobrar, requisitar.
 
Não.Quando você realmente tem alguém para chamar de seu, basta dizer "meu bem" que fica tudo bem.

sábado, junho 11, 2005

Despertando o fetiche!

Por Renata Vasconcellos
Bom Dia Brasil

Quem gosta de namorar sabe que para manter a magia do primeiro encontro, o prazer da conquista, é preciso imaginação. Um jantar romântico ou um bouquet de flores sempre funcionam nas datas especiais. Mas há que se ter uma certa criatividade para sair da rotina e surpreender a quem se ama.

Determinados objetos, como uma peça do guarda-roupa ou até uma atitude podem despertar mais o interesse do outro e fazer toda a diferença. A coluna Coisas do Gênero mostra hoje que o fetiche pode ser uma arma de sedução poderosa e uma boa inspiração para o Dia dos Namorados.

"Eu acho que hoje em dia o fetiche faz um pouco parte da vida da gente. Não nos damos mais conta do que é fetiche", diz uma mulher.

"Sapato alto deixa a mulher poderosa, alta soberana", conta outra.

"Comigo o que funciona muito é o olhar", avisa um rapaz.

Dor, beleza e erotismo: os grandes psicanalistas, como Freud e Lacan, tentaram desvendar o mistério que transforma simples objetos em fonte de prazer e sedução. O bom do fetiche é a imaginação. Nas ruas, as pessoas lembram alguns objetos de sedução.

"Uma langerie de seda", diz um jovem.

"Eu gosto de cueca samba-canção. Acho bonito", afirma uma moça.

"Sapatos femininos, salto alto", conta outro rapaz.

O fato é que até hoje muitos arriscam tentar, mas poucos conseguem provar a relação entre o prazer e esses adereços. Desde o Império Romano, o homem já destacava certas partes ou formas do corpo e objetos relacionados, que funcionam como uma espécie de atalho para prazer.

Foi na recatada Era Vitoriana, no século XIX, que o fetiche mudou para sempre a maneira de encarar a sexualidade moderna. O puritanismo da época transformava em tabu qualquer pedaço de pele à mostra.

"O proibido é mais gostoso em tudo. Não só na moda. As amarrações, a parte toda de couro, os rebites... Sempre vai ter alguma coisa de fetiche dentro da roupa. Acho que o glamour já é uma espécie de fetiche", observa o estilista Ocimar Versolato.

Mas não foram os estilistas os primeiros a tirarem esses objetos das alcovas e das lojas especializadas. Os punks viram no fetiche uma forma de protesto. Liberdade ou Submissão? As feministas da década de 70 custaram a digerir a idéia de mulheres se apertando em espartilhos para agradar a uma homem. Sequer imaginavam um homem se submetendo aos caprichos de beleza para agradar a uma mulher.

Polêmica à parte, o mercado aproveita para faturar com a indústria da sedução. Quem paga a conta sabe exatamente o que quer.

"Meu prazer é em agradar a mim mesma. A partir daí posso agradar a quem eu quiser", diz a gerente comercial, Magda Lajtman.

"Ela pode se aprisionar, se ela achar que tem que fazer alguma coisa que não tenha vontade", alerta o ator Fábio Assunção.

"Fetiche tem a ver com querer agradar, fazer uma brincadeira. Acho que é um temperinho para o relacionamento, algo a mais", afirma a atriz Luana Piovani.

Mas e quando o tempero vira o prato principal?

"O fetichista desloca o seu desejo para um objeto. Não para a mulher, mas para o que a cobre, a reveste. Para o fetichista, a calça de couro ou o sutiã de renda são mais importantes que a própria mulher", explica a psicóloga Maria Helena Matarazzo.

Para alguns a graça está aí, mas para outros...

"É pouco. O fetiche por si só é interessante, ele provoca, é estimulante e motiva. Mas é um complemento, um detalhe do todo. A mulher não se resume só ao fetiche. Tem gente que se contenta com pouco. Eu prefiro o todo", diz um homem.

Comentários: eu vi esta reportagem hoje no Bom Dia Brasil, achei bem legal, com certeza com as imagens ficavam melhor. Mas o que eu não entendo é fetiche por pés, coisa mais sem sal. Quem entender do assunto posta uma explicação!
Nuca, costas, peito, perna, bunda, mãos até fazem sentido. Ainda mais mãos. Porque mãos tudo bem, é o seu contato com o mundo, sente-se o mundo, escreve-se com as mãos, comunica-se com as mãos, tudo se faz com as mãos. Tô até reconhecendo que tenho tara em mãos.
Só outro P.S.: se eu for depender de salto alto e pés bonitos eu tô ferrada, sem falar de outras coisas.

sexta-feira, junho 10, 2005

Sexo, casamento e economia: Solidão




A FGV lançou esta semana um estudo sobre “Sexo, Casamento e Economia”. Estudo muito interessante e que na minha perspectiva revela dados de certa forma preocupantes.

Cresce a cada dia o número de pessoas solitárias no Brasil, por solitária se compreende pessoas que não têm parceiros fixos. Mas o que me preocupou foi o fato que quanto maior o nível de educação e maior a renda da mulher maior as chances dela ser solitária.

Disso consigo abstrair três coisas: 1) os homens ainda se assustam com mulheres bem resolvidas e de sucesso, e especialmente se sentem desconfortáveis em ganhar menos que suas parceiras; 2) as mulheres são estão cada vez mais exigentes, e às vezes tem dificuldades em manter relacionamentos estáveis ao mesmo tempo em que possuem grandes responsabilidades profissionais, e terminam optando pela carreira; e 3) as pessoas de forma geral estando tendo dificuldades em se relacionar, as pessoas ficam fechadas em suas conchas com medo de arriscar, e por medo de sofrerem ou se decepcionarem não se abrem a relacionamentos.

Essa pesquisa revelou ainda que Brasília é a capital das solitárias, o que de fato não me surpreendeu, mas achei depressivo mesmo assim. Eu como mulher, brasiliense, com nível superior, mais de 20 anos e solteira estou me enquadrando nestes números. Não que eu esteja ou tenha planos de casar e etc a essa altura da vida. Mas é estranho endossar números deste tipo.

Além disso, essa pesquisa foi lançada logo antes do dia dos namorados. Mesmo não acreditando em casamentos tradicionais, gostaria de passar pela experiência de ser pedida em casamento (estou de cara que escrevi isso, mas escrevi!), nem que seja para ter mais uma folha a minha futura biografia (como se eu fosse escreve-la!). Mas de qualquer forma é estranho pensar em estar só não por opção mas por falta de outras possibilidades.

Para ler toda a pesquisa acesse:
www.fgv.br/cps

Amanda Menezes é solteira, tem 21 anos, já se considera graduada, e começa a se preocupar com a solidão.


Rio e Brasília são "capitais da solidão" para mulheres


Por Guido Nejamkis

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Rio de Janeiro e Brasília são ascapitais das mulheres sozinhas no país, segundo mostrou umestudo divulgado na quinta-feira.

Essas duas cidades que, em comparação ao restante doBrasil, apresentam altos níveis relativos de educação e renda,têm cerca de 45% das mulheres sozinhas, indicou oestudo "Sexo, Casamento e Economia", elaborado pela FundaçãoGetúlio Vargas.

Brasília tem 44,32% de sua população femininavivendo sozinha. No Rio, sobe para 47,39%. Ainda nacapital fluminense, o bairro de Copacabana é a região analisadaque apresenta a maior porcentagem de mulheres sozinhas (64%). Outra cidade com índice similar de mulheres sozinhas é SãoPaulo, com 44,19%.

O estudo também mostrou que nas áreas que concentram a população de maior renda, a solidão aumenta, e que o número demulheres e homens sozinhos no país cresce de forma constante e acelerada desde a década de 1980.

quinta-feira, junho 09, 2005

Love is in the air...




Quando só o que se vê e ouve é a respeito dos Dias dos Namorados, só se têm duas alternativas: 1) repudiar a data, olha que quase cai nesta tentação, porque detesto todas aquelas propagandas bregas da data; ou 2) entrar no clima.

Então, resolvi entrar no clima. Mesmo que ainda esteja aliviada de não ter que comprar presente para seu ninguém (Tudo tem seu lado bom na vida!), aderi a época.

Mas, caro único leitor amigo, você me perguntaria como eu posso entrar no clima?

Tive a idéia brilhante, se você leitor amigo me permite tamanha falta de modéstia, de postar vários trechos super melosos, amorosos, aqueles que você diz “ah, se alguém me falasse isso!”, e também os bregas, mas românticos, porque são nessas canções que linha tênue entre ser brega e ser cult se rompe mais facilmente.

E convido você a lê-los e postar nos comentários outros trechos adequados a esta época que o amor está no ar.


“You are the closest to heaven that I have been”. Goo Goo Dolls

“Te quero só pra mim, você mora no meu coração”. Caetano Veloso

“Vi que sem você não há caminho, nem me acho”. Caetano Veloso

“Meu coração ferve por você”. Sidney Magal

“Você é linda, mas que demais, você é linda assim”. Caetano Veloso

“Eu te devoraria a qualquer preço”. Djavan

“É quando eu penso em você que não me sinto só”. Moska

“I can´t stop loving you”. Van Haley.

“I’ve had the time of my life, no I never felt this way before … and I owe all to you”. Dirty Dance.

“You just too good to be true … Can’t take my eyes off of you”.

“You always all my mind”. Elvis Presley

“Faço tanta coisa pensando no momento de te ver, a minha casa sem você é triste, a espera arde sem aquecer”. Skank.

“I knew I loved you before I meet you”. Savage Garden.

“Cause of you I forget the smart ways to run”. Shakira.

“Meu mundo gira em torno de você”. Kid Abelha.

“I’ll stand by you, won’t let nobody hurt you”. Pretenders.

“Eu não existo longe de você, e a solidão é o meu pior castigo, eu conto as horas pra poder te ver”. Adrina Calcanhoto

“Eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar, em cada despedida eu vou te amar desesperadamente, eu sei que vou te amar e cada verso meu será pra te dizer que eu sei que vou te amar por toda minha vida”. Tom Jobim.

“Como é grande o meu amor por você”. Roberto Carlos.

Amanda Menezes é universitária só por mais um mês, nunca acreditou em amores eternos, mas sempre se pega cantando e ouvindo uma música com frases melosas.

quarta-feira, junho 08, 2005

Brasília não tem esquina?

Carol Nogueira

Nunca concordei muito com essa história de que Brasília não tem esquina. Olho para o Beirute e o Libanus e me pergunto sempre o que diabo que as esquinas têm e eles não. Será só por que as nossas ruas não tem nome de gente?, mas que discriminação danada!
RobertoDaMatteando um pouco, desconfio seriamente que quando o resto do Brasil fala da nossa carência de esquinas não está falando só do encontro de duas ruas, a Ipiranga com a São João, a Prudente com a imprudente de Moraes. Existe aí todo um sentido escondido: do barzinho que despeja suas cadeiras displicentemente nas calçadas, da padaria que junta gente para o café da manhã e a pinga da tarde, da lotérica que forma fila de esperançosos e pagadores de contas. A “esquina” de que nos privam é tudo isso numa palavrinha de sete letras.

Então quando repetem, assim, que Brasília não tem esquina, querem dizer mesmo é que nos falta essa espontaneidade toda, essa naturalidade. Estão nos acusando de burocráticos e de frios. Dizem que não estamos nas ruas, mas nas repartições, nos escritórios. Pelas costas, cochicham que não gostamos do povo, que somos da turma do ar-condicionado. Prova maior é que outro ainda mais eufêmico disse que nossas esquinas são nossos shopping-centers. À vera, querem dizer que somos elitistas, encastelados, preconceituosos.

Por isso mesmo é que sou contra esse clichê que nos persegue, mais esse, de que Brasília não tem esquinas. Temos uma lista bem maior que essa do primeiro parágrafo de bares que chegaram às nossas calçadas, às árvores, à beira dos prédios residenciais, num desafio respeitoso ao nosso planejamento. Temos lojinhas fofas, gente na rua, bancos, mercados, empresas. Crianças nas bancas de revistas, escolas, confeitarias elegantes que reúnem nossa muito bem vivida terceira-idade.

Não dá trabalho perceber: espia a cidade e repara nas esquinas que se formam a cada par de quadras residenciais. Temos esquinas, sim, senhor – só que aqui elas atendem pelo simpático nome de entrequadras.

Carol Nogueira é jornalista, brasiliense convicta e está pasma de ver que até no Houaiss existe uma referência ao nosso suposto desesquinamento. Ela escreve a coluna grande-circular quinzenalmente no Canal Brasília do www.candango.com.br .

terça-feira, junho 07, 2005

Voltei!

Depois da baixa de dois dias doentes, voltei a raciocinar. Ainda estou gelada que nem um pingüim e com dor de cabeça, mas já estou me sentindo bem melhor.

Mesmo assim vejamos como a vida é muito engraçada: estou eu aqui passando mal, e assim que melhoro um pouco o que está passando na sessão da tarde? “Curtindo a vida adoidado”.

Claro que no começo estava me sentindo o amigo babaca do personagem principal , porque eu estava doente de verdade, e por isso estava matando uma prova importante. Porém, no final já tava até feliz de ficar doente só para poder estar em casa assistindo tv sem culpa.

E só tenho que concordar com esse filme “clássico” dos anos 80: de vez em quando a gente tem que parar para viver a vida, senão ela passa e a gente não faz nada.

segunda-feira, junho 06, 2005

Closing Time

Olá, caro único leitor amigo, estou sem condições físicas e mentais de escrever qualquer coisa inteligente. Resumindo não estou inspirada. Mas vou postar essa música de uma banda que gosto muito.
 
Bom início de semana!

Closing Time
Semisonic

Closing time, open all the doors
And let you out into the world
Closing time, turn all of the lights on
Over every boy and every girl
Closing time, one last call for alcohol
So finish your whiskey or beer
Closing time, you don’t have to go home
But you can’t stay here
I know who I want to take me home
I know who I want to take me home
I know who I want to take me home
Take me home
Closing time, time for you to go out
To the places you will be from
Closing time, this room won’t be open
Till your brothers or your sisters come
So gather up your jackets, move into the exits
I hope you have found a friend
Closing time, every new beginning
Comes from some other beginning’s end
I know who I want to take me home
I know who I want to take me home
I know who I want to take me home
Take me home
Closing time, time for you to go out
To the places you will be from
I know who I want to take me home
I know who I want to take me home
I know who I want to take me home
Take me home
Closing time, every new beginning
Comes from some other beginning’s end

sexta-feira, junho 03, 2005

Saudade até que é bom

“SAUDADE: recordação ao mesmo tempo triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las“. Aurélio

Saudade ... Palavra tão aclamada na língua portuguesa. Quem nunca disse ou ouviu com um certo orgulho que para esta não existe tradução, a saudade é só nossa. Mas eu tenho certeza que com ou sem denominação todos já sentiram seu doce amargo.

Os nostálgicos como eu concordarão que é melhor sentir saudade do que se foi do que nunca ter vivido, amado, perdido alguém ou perdido-se.

“Saudade é até que é bom, é melhor q caminhar vazio, a esperança é um dom que eu tenho em mim, não tem desespero não, você me ensinou milhões de coisas, eu tenho um sonho em minhas mãos , e amanhã será um novo dia, e eu sei que serei muito mais feliz ...” Sonhos - Caetano Veloso

Amanda é uma quase adulta, brasiliense convicta, sempre tem saudades e acha que quem nunca a sentiu boa pessoa não é.
:)
SAUDADE
Miguel Falabella - Jornal O Globo

Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada;
se ele tem assistido as aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet e e encontrar a página do Diário Oficial;
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros;
se ele continua preferindo Malzebier; se ela continua preferindo suco;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua cantando tão bem;
se ela continua detestando o MC Donald`s;
se ele continua amando;
se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram maiscompridos;
não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento;
não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
não saber como vencer a dor deum silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...
É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.
Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...

Brasília: tú es divina e graciosa ...

Olá caro único leitor amigo, depois da polêmica quanto andar a pé em Brasília. Por sinal, agradeço a participação dos leitores amigos brasilienses de coração, por opção e por obrigação. Gostaria de expressar que concordo plenamente da dificuldade de locomoção em Brasília, o transporte público é uma piada, tudo é longe, tem muito barro sim em algumas partes da cidade. Mas o que não impede que seja uma cidade adorável em seu clima bucólico e por vezes árido.

A minha sugestão é convida-los a sair para andar pela cidade sem o compromisso do relógio, do objetivo final, andar pela cidade sem rumo certo, não como um meio a chegar a algum lugar, mas como fim em si mesmo.

Algo estranho? Algumas vezes sim, já que temos uma vida tão martirizada pelo relógio e aprisionada pelos compromissos e metas a alcançar. É por isso que vagar um pouco pela cidade, pode proporcionar o encontro, não só de lojinhas, restaurantes, cafés, entre outras coisas interessantes, mas também de um tempo de relaxamento, de reflexão e para si próprio.

Amanda Menezes é uma quase bacharel, brasiliense de nascimento e coração, e acredita que Brasília já não é mais uma jovem impulsiva, mas ainda guarda em si a crença no futuro que só os jovens de alma possuem
.

Para adicionar a minha nova série de textos sobre Brasília, vou postar esta crônica do Alexandre Garcia sobre a cidade, a qual ele escreveu para a comemoração de 45 anos de Brasília.

Brasília
Alexandre Garcia

A maior parte das notícias de Brasília que chegam aos estados saem desses prédios bem-desenhados de Niemeyer.

Isso faz o Brasil imaginar que Brasília é só a Esplanada dos Ministérios ou a Praça dos Três Poderes, que reúne o Supremo Tribunal, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. Muitos ainda podem pensar que o coração de Brasília pulsa no Palácio Alvorada, a residência oficial do presidente.

Talvez fosse assim há uns 25 anos. Hoje, não é mais. Feita para 500 mil habitantes, Brasília tem 2,5 milhões. E tem tanto carro que seriam suficientes para transportar a população inteira, sem ninguém precisar de ônibus. Não é a campeã do funcionário público. Perde feio para o Rio, para São Paulo, para Minas. E nem é responsável pelos políticos que aqui estão. Nos ministérios, apenas um é de Brasília, e na Câmara e Senado, apenas 11.

E o coração de Brasília pulsa em vários pontos do Distrito Federal. as cidades satélites deixaram de ser satélites para ter também vida própria. O conjunto urbano de Taguatinga e Ceilândia está entre as 10 maiores cidades brasileiras em população. Uma das mais novas cidades do Distrito Federal, Samambaia, formou um aglomerado urbano que se perde no horizonte. Tem até uma cidade serrana, Sobradinho, a mais de 1,2 mil metros de altitude, onde se sentem as mais baixas temperaturas do DF. Feita para abrigar a burocracia, o papel já não é o maior produto da capital. Lá, se cria gado, se exporta soja e frango; há grande produção de leite, ovos, e até auto-suficiência em legumes.

Brasília reuniu, ao longo das décadas, todos os sotaques, todas as comidas, todos os folclores, todas as músicas, todos os rincões. Para os que chegam, Brasília enfeitiça com uma fórmula que tem céu, sol, brisa o ano inteiro e um horizonte a provar que a terra é redonda. O sol, que todas as manhãs espia majestoso sobre o lago Paranoá e depois de reger o melhor clima do Brasil (segundo os brasilienses), todas as tardes exibe um espetáculo diferente.

Mar? Sim, Brasília tem o lago Paranoá, que envolve a cidade com um abraço úmido, suavizando o ar de altitude. Nos fins-de-semana, o povo vai à praia e a terceira frota de barcos de recreio do Brasil levanta âncoras e iça velas, para singrar águas cristalinas que no passado foram poluídas. Às margens, o aprazível Pontão, onde a juventude passa as tardes; ou restaurantes charmosos, modernos, ou rústicos, que servem comidas deliciosas. Foi-se o tempo em que Brasília tinha poucos restaurantes. Hoje, são muitos, premiados e estão sempre cheios. Aliás, Brasília tem público para tudo.

A festa máxima se realiza agora, na Granja do Torto: a feira agropecuária, que mostra a pujança da roça, no DF, e o gosto sertanejo da capital que fica no interiorzão do Brasil. O povo de lá é eminentemente gregário. É só lenda a história da cidade fria, sem esquinas. Esquina? O que é isso? Lá, as pessoas se encontram em lugares especiais. No Gilberto Salomão, no Conjunto Nacional, no Parkshopping, no Pistão Sul, só para citar alguns pontos. Ou nas feiras: no Paraguai, do Guará, a mais famosa delas, ou na feirinha do Lago Norte, que reúne todos os cardápios do Brasil e do mundo. Ir a São Paulo para comprar em butiques? Para quê? Brasília tem todas as grifes, todos os luxos.

E nem tudo é palácio, mesmo. Brasília tem favela, tem miséria, tem assalto, é campeã de seqüestro relâmpago, tem péssimas pistas de péssimo asfalto, tem carro demais e congestionamentos que pioram a cada dia. Talvez essas mazelas sejam a prova mais sofrida de que Brasília já não é uma cidade diferente das outras.

Crônica do Amor Louco, porém, Verdadeiro

Arnaldo Jabor


Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo porta. O amor não é chegado em fazer contas, não obedece à razão.

O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante.

Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam.

Então? Então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você.

Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai ligar e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Mas, quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga.

Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?

Não pergunte pra mim!


Você é inteligente, lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. É independente, tem emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo.

Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor? Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC.

Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível. Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é!!!!!

quinta-feira, junho 02, 2005

Em Brasília a pé

Ontem conversava com um amigo de como as pessoas não andam a pé em Brasília. De repente hoje descobri este texto e resolvi posta-lo. Este será o primeiro de uma série de textos sobre Brasília.

Amanda Menezes é estudante, brasiliense convicta e acha que quem não gosta de Brasília é porque não a conhece, não compreende sua alma ou as duas coisas juntas. Ela escreve (mais copia e cola textos alheios que os escreve) quase que diariamente no Sobre o Tudo e o Nada.

A pé
Carol Nogueira

Eu sei que a escala monumental do Lúcio Costa não ajuda, mas vou fazer aqui uma proposta: vamos caminhar mais por Brasília. É, é de andar a pé mesmo que eu estou falando – esquece o carro, dispensa o ônibus e, pelo menos de vez em quando, calça os tênis e vai dar uma boa caminhada.

Com a desculpa da lonjura das coisas, o povo daqui se acomodou demais nessa história de só andar de carro. Às vezes, até pra ir na padaria, na farmácia, ali mesmo na quadra, a pessoa quer ir dirigindo. Vou te contar que a maior parte dos urbanistas que estudam Brasília concordam que é o trânsito – e não a ocupação desordenada, e não o desmatamento – o maior fator de risco para a cidade no futuro. Eles acham que Brasília pode estar se encaminhando pra ficar inviável, com uma péssima qualidade de vida. Sabe que a gente tem 800 mil carros (quase um para cada duas pessoas) e que esse número cresce 10% ao ano? Impressionante, né?

Tá, mas não é de nada disso que eu queria falar. Meu ponto aqui não é (só) tentar salvar a cidade dos engarrafamentos monstruosos. É que andar a pé por Brasília pode ser ótimo mesmo, porque você descobre um milhão de coisas novas. Gente nova, lugares novos pra comer, pra se divertir, pra comprar. E é na rua que você vê a cidade viva de verdade!

Olha só o Setor Sudoeste: aquela avenidona que tem ali é simplesmente perfeita pra uma caminhada. Capaz que cada vez que eu saia por ali eu encontre uma boa novidade, sem exagero. Minhas últimas descobertas são uma loja de decoração na SQSW 101 que é muito fofa e que vende artiguinhos da Banca de Camisetas; um rodízio de pizza a lenha no subsolo da mesma quadra, que custa R$ 11,50 por pessoa e tem umas pizzas doces com sorvete e calda que são imperdíveis; e a lojinha de bijuteria da SQSW 103 que tem cada coisa linda que a dona (uma moça muito simpática) traz de São Paulo. Curioso que a pizzaria fica no subsolo e a lojinha de biju tem acesso pelos fundos do bloco – ou seja: só encontra esses lugares quem sai mesmo pra bater perna.

Nessa última semana saí disposta a percorrer também uns pedaços da Asa Sul e voltei com outros grandes achados. Um dia, no caminho pro almoço, reencontrei aquela livraria antiga da 108 Sul que é ao mesmo tempo loja e sebo, e descobri que ali você acha uns livros incríveis (até obras em inglês) por menos de R$ 5. No sábado, o restaurante que fica ao lado da livraria serve uma feijoada de respeito, com direito a mesinha aproveitando o sol na calçada – coisa que nesses dias frios não tem preço. Passando pela 113, entrei numa loja de móveis que existe ali há milênios mas que eu nunca tinha visitado: tem umas mesas de fazenda e uns móveis rústicos que são muito legais mesmo – só é pena que o preço não seja tão lindo quanto as peças. E por falar em coisas lindas-mas-infelizmente-caras, meu queixo quase caiu numa loja super bacana que eu descobri na 112: sério, eu encontrei ali as bolsas mais legais que eu já vi em Brasília.

É claro que não é só o Sudoeste nem só a Asa Sul que têm novidades interessantes escondidas pelas quadras, e nem só de comércio e compras são feitas as boas caminhadas que você pode dar por Brasília. Outro dia conheci uma pessoa que cultiva o saudável hábito de ir a pé todos os dias pro trabalho, da 404 Sul até o Banco Central, e sabe o que ele me disse?, que o mais legal do caminho não são nem as lojas, nem as pessoas: é a natureza toda que habita aquelas calçadas arborizadas. Ele contou que, de uns tempos pra cá, tem visto muitos passarinhos diferentes, uns periquitos, uns canários coloridos, que fazem do caminho dele uma cantoria só. Bacana, né? O comentário dele me fez pensar que esse meu assunto aí não é nada novo. Um tal de Luiz Gonzaga, sanfoneiro velho que sabia das coisas, escreveu uma vez que tem coisas que pra-modi-ver o cristão tem de andar a pé. Pois é mesmo. E eu concordo.

Carol Nogueira é jornalista, brasiliense convicta e acha que quem anda por gosto não se cansa. Ela escreve a coluna grande-circular quinzenalmente no Canal Brasília do site www.candango.com.br .

Não quero

Mais uma manhã como outras tantas, talvez apenas um pouco mais fria, mas a mesma xícara de chá e a mesma melancolia. Continuo nesta constante tentativa de exorcizar os fantasmas do passado, porém tenho feito algo inédito, ao invés de esconder-me do mundo, tenho escrito e mostrado o que sinto. Não que isso modifique substancialmente os fatos, mas com certeza modifica a minha percepção sobre eles. A cada dia os demônios ficam menos amedrontadores. Com certeza porque tenha escrito não para alguém que não conheço as feições e os pensamentos, mas numa loucura esquizofrênica tenho escrito para mim mesma, um eu que costuma despertar em madrugadas de insônia e não nos sorrisos constantes na minha feição, não que os sorrisos sejam falsos, só não são tão constantes como parecem.



Não quero
Mário Quintana
;)
Não quero alguém que morra de amor por mim...
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim...
Nem que eu faça a falta queelas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível...
E que esse momento será inesquecível...
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém... e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúnciase loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento... e não brinque com ele.
E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe...
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas...
Que a esperança nunca me pareça um "não" que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como "sim".
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros...
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!!!

quarta-feira, junho 01, 2005

Lembranças

Dias estranhos esses últimos. Mas nada que se compare a esta noite. Hoje me dei conta que um pedaço substancial da minha vida acabara. A casa dos meus avôs, a casa que eles viveram os últimos 22 anos, a única casa deles que eu conhecera, estava sendo desmontada. Parecia que em quanto aquela casa estivesse como sempre esteve, a minha avó, as minhas lembranças e a minha infância estariam vivas. Mas agora isto estava chegando ao fim.

Nunca mais eu sentaria nos degraus daquela escada para comer, nem correria por ela, enquanto meu avô resmungava que era perigoso eu escorregar. Nunca mais veria as tantas violetas que minha avô cultivava. Nem iria ver meu avô cochilar no sofá, e acordar dizendo que não consegue dormir de dia. Nem veria minha avó rezar na sala de estar. Nem iria roubar biscoitos do armário da cozinha, que mais parecia um guarda-roupa. Não iria mais rever pela milésima vez as fotos de família que ficavam guardadas no guarda-roupa do quarto de visitas, ou iria ouvir o relógio de tic-tac, ou iria ver minha avó tricotar, ou os mexeria nos vários vidros de perfumes na penteadeira da minha avó, ou simplesmente iria sentar nas cadeiras do jardim e não ver ninguém passar na rua.

São tantas lembranças que nunca pensei que fossem tão importantes. Estas que por tantas vezes passaram por banais, mas agora perde-las é quase morrer. É a morte de uma ingenuidade que não mais existe.

Humanidade

NÃO amo a Humanidade na sua feição abstracta e necessariamente ideal. Mais: não sei de que falamos quando falamos de Humanidade. Conheço os meus vizinhos, a minha família, os meus amigos e inimigos. Sou decente com quem devo e implacável com quem não devo. Mas não alimento qualquer ilusão utópica sobre o mundo. Sei que algumas iniquidades não têm uma solução política à espera e que a função de qualquer sociedade civilizada é engendrar os arranjos possíveis e nem sempre os desejados.
 
João Pereira Coutinho - O Independente . 21/2/03
Coutinho é jornalista, escreve para o jornal português Expresso e para a folha online
:)

 
Depois de ler este paragrafo sobre a humanidade, fiquei a pensar como concordava com ele. No fundo ficamos nessa dança das cadeiras entre ser tão perfeitos e politicamente corretos que amariamos a humanidade, logo amariamos a todos os seres humanos, mas a coisa não é assim. Amamos mais a nossa família, nossos amigos, nossos vizinhos, nossos nacionais e assim progressivamente tendo como último degrau amar a humanidade. Humanidade esta que não conhecemos suas feições, pensamentos ou futuro.
 
É claro que amar mais certos indivíduos do que a humanidade não presenta a intolerância ou apelo a guerra. Ao contrário, pode representar a perspeção da individualidade e do diferente, e a tolerância às diferenças.
 
E você caro único leitor amigo pode ou não concordar comigo, mas acredito que só contribuo para essa humanidade quando procuro ser um indivíduo melhor, uma cidadã melhor e mais esclarecida. Não acredito em ações milagrosas ou em caridades.