Ontem conversava com um amigo de como as pessoas não andam a pé em Brasília. De repente hoje descobri este texto e resolvi posta-lo. Este será o primeiro de uma série de textos sobre Brasília.
Amanda Menezes é estudante, brasiliense convicta e acha que quem não gosta de Brasília é porque não a conhece, não compreende sua alma ou as duas coisas juntas. Ela escreve (mais copia e cola textos alheios que os escreve) quase que diariamente no Sobre o Tudo e o Nada.
A pé
Amanda Menezes é estudante, brasiliense convicta e acha que quem não gosta de Brasília é porque não a conhece, não compreende sua alma ou as duas coisas juntas. Ela escreve (mais copia e cola textos alheios que os escreve) quase que diariamente no Sobre o Tudo e o Nada.
A pé
Carol Nogueira
Eu sei que a escala monumental do Lúcio Costa não ajuda, mas vou fazer aqui uma proposta: vamos caminhar mais por Brasília. É, é de andar a pé mesmo que eu estou falando – esquece o carro, dispensa o ônibus e, pelo menos de vez em quando, calça os tênis e vai dar uma boa caminhada.
Com a desculpa da lonjura das coisas, o povo daqui se acomodou demais nessa história de só andar de carro. Às vezes, até pra ir na padaria, na farmácia, ali mesmo na quadra, a pessoa quer ir dirigindo. Vou te contar que a maior parte dos urbanistas que estudam Brasília concordam que é o trânsito – e não a ocupação desordenada, e não o desmatamento – o maior fator de risco para a cidade no futuro. Eles acham que Brasília pode estar se encaminhando pra ficar inviável, com uma péssima qualidade de vida. Sabe que a gente tem 800 mil carros (quase um para cada duas pessoas) e que esse número cresce 10% ao ano? Impressionante, né?
Tá, mas não é de nada disso que eu queria falar. Meu ponto aqui não é (só) tentar salvar a cidade dos engarrafamentos monstruosos. É que andar a pé por Brasília pode ser ótimo mesmo, porque você descobre um milhão de coisas novas. Gente nova, lugares novos pra comer, pra se divertir, pra comprar. E é na rua que você vê a cidade viva de verdade!
Olha só o Setor Sudoeste: aquela avenidona que tem ali é simplesmente perfeita pra uma caminhada. Capaz que cada vez que eu saia por ali eu encontre uma boa novidade, sem exagero. Minhas últimas descobertas são uma loja de decoração na SQSW 101 que é muito fofa e que vende artiguinhos da Banca de Camisetas; um rodízio de pizza a lenha no subsolo da mesma quadra, que custa R$ 11,50 por pessoa e tem umas pizzas doces com sorvete e calda que são imperdíveis; e a lojinha de bijuteria da SQSW 103 que tem cada coisa linda que a dona (uma moça muito simpática) traz de São Paulo. Curioso que a pizzaria fica no subsolo e a lojinha de biju tem acesso pelos fundos do bloco – ou seja: só encontra esses lugares quem sai mesmo pra bater perna.
Nessa última semana saí disposta a percorrer também uns pedaços da Asa Sul e voltei com outros grandes achados. Um dia, no caminho pro almoço, reencontrei aquela livraria antiga da 108 Sul que é ao mesmo tempo loja e sebo, e descobri que ali você acha uns livros incríveis (até obras em inglês) por menos de R$ 5. No sábado, o restaurante que fica ao lado da livraria serve uma feijoada de respeito, com direito a mesinha aproveitando o sol na calçada – coisa que nesses dias frios não tem preço. Passando pela 113, entrei numa loja de móveis que existe ali há milênios mas que eu nunca tinha visitado: tem umas mesas de fazenda e uns móveis rústicos que são muito legais mesmo – só é pena que o preço não seja tão lindo quanto as peças. E por falar em coisas lindas-mas-infelizmente-caras, meu queixo quase caiu numa loja super bacana que eu descobri na 112: sério, eu encontrei ali as bolsas mais legais que eu já vi em Brasília.
É claro que não é só o Sudoeste nem só a Asa Sul que têm novidades interessantes escondidas pelas quadras, e nem só de comércio e compras são feitas as boas caminhadas que você pode dar por Brasília. Outro dia conheci uma pessoa que cultiva o saudável hábito de ir a pé todos os dias pro trabalho, da 404 Sul até o Banco Central, e sabe o que ele me disse?, que o mais legal do caminho não são nem as lojas, nem as pessoas: é a natureza toda que habita aquelas calçadas arborizadas. Ele contou que, de uns tempos pra cá, tem visto muitos passarinhos diferentes, uns periquitos, uns canários coloridos, que fazem do caminho dele uma cantoria só. Bacana, né? O comentário dele me fez pensar que esse meu assunto aí não é nada novo. Um tal de Luiz Gonzaga, sanfoneiro velho que sabia das coisas, escreveu uma vez que tem coisas que pra-modi-ver o cristão tem de andar a pé. Pois é mesmo. E eu concordo.
Carol Nogueira é jornalista, brasiliense convicta e acha que quem anda por gosto não se cansa. Ela escreve a coluna grande-circular quinzenalmente no Canal Brasília do site www.candango.com.br .
Eu sei que a escala monumental do Lúcio Costa não ajuda, mas vou fazer aqui uma proposta: vamos caminhar mais por Brasília. É, é de andar a pé mesmo que eu estou falando – esquece o carro, dispensa o ônibus e, pelo menos de vez em quando, calça os tênis e vai dar uma boa caminhada.
Com a desculpa da lonjura das coisas, o povo daqui se acomodou demais nessa história de só andar de carro. Às vezes, até pra ir na padaria, na farmácia, ali mesmo na quadra, a pessoa quer ir dirigindo. Vou te contar que a maior parte dos urbanistas que estudam Brasília concordam que é o trânsito – e não a ocupação desordenada, e não o desmatamento – o maior fator de risco para a cidade no futuro. Eles acham que Brasília pode estar se encaminhando pra ficar inviável, com uma péssima qualidade de vida. Sabe que a gente tem 800 mil carros (quase um para cada duas pessoas) e que esse número cresce 10% ao ano? Impressionante, né?
Tá, mas não é de nada disso que eu queria falar. Meu ponto aqui não é (só) tentar salvar a cidade dos engarrafamentos monstruosos. É que andar a pé por Brasília pode ser ótimo mesmo, porque você descobre um milhão de coisas novas. Gente nova, lugares novos pra comer, pra se divertir, pra comprar. E é na rua que você vê a cidade viva de verdade!
Olha só o Setor Sudoeste: aquela avenidona que tem ali é simplesmente perfeita pra uma caminhada. Capaz que cada vez que eu saia por ali eu encontre uma boa novidade, sem exagero. Minhas últimas descobertas são uma loja de decoração na SQSW 101 que é muito fofa e que vende artiguinhos da Banca de Camisetas; um rodízio de pizza a lenha no subsolo da mesma quadra, que custa R$ 11,50 por pessoa e tem umas pizzas doces com sorvete e calda que são imperdíveis; e a lojinha de bijuteria da SQSW 103 que tem cada coisa linda que a dona (uma moça muito simpática) traz de São Paulo. Curioso que a pizzaria fica no subsolo e a lojinha de biju tem acesso pelos fundos do bloco – ou seja: só encontra esses lugares quem sai mesmo pra bater perna.
Nessa última semana saí disposta a percorrer também uns pedaços da Asa Sul e voltei com outros grandes achados. Um dia, no caminho pro almoço, reencontrei aquela livraria antiga da 108 Sul que é ao mesmo tempo loja e sebo, e descobri que ali você acha uns livros incríveis (até obras em inglês) por menos de R$ 5. No sábado, o restaurante que fica ao lado da livraria serve uma feijoada de respeito, com direito a mesinha aproveitando o sol na calçada – coisa que nesses dias frios não tem preço. Passando pela 113, entrei numa loja de móveis que existe ali há milênios mas que eu nunca tinha visitado: tem umas mesas de fazenda e uns móveis rústicos que são muito legais mesmo – só é pena que o preço não seja tão lindo quanto as peças. E por falar em coisas lindas-mas-infelizmente-caras, meu queixo quase caiu numa loja super bacana que eu descobri na 112: sério, eu encontrei ali as bolsas mais legais que eu já vi em Brasília.
É claro que não é só o Sudoeste nem só a Asa Sul que têm novidades interessantes escondidas pelas quadras, e nem só de comércio e compras são feitas as boas caminhadas que você pode dar por Brasília. Outro dia conheci uma pessoa que cultiva o saudável hábito de ir a pé todos os dias pro trabalho, da 404 Sul até o Banco Central, e sabe o que ele me disse?, que o mais legal do caminho não são nem as lojas, nem as pessoas: é a natureza toda que habita aquelas calçadas arborizadas. Ele contou que, de uns tempos pra cá, tem visto muitos passarinhos diferentes, uns periquitos, uns canários coloridos, que fazem do caminho dele uma cantoria só. Bacana, né? O comentário dele me fez pensar que esse meu assunto aí não é nada novo. Um tal de Luiz Gonzaga, sanfoneiro velho que sabia das coisas, escreveu uma vez que tem coisas que pra-modi-ver o cristão tem de andar a pé. Pois é mesmo. E eu concordo.
Carol Nogueira é jornalista, brasiliense convicta e acha que quem anda por gosto não se cansa. Ela escreve a coluna grande-circular quinzenalmente no Canal Brasília do site www.candango.com.br .
2 comentários:
como assim?? c foi entrevistada?? :o)
bju
Mesmo com as ditas vantagens de se andar a pé nessa cidade, acho que nesse barro vermelho, secura e sol quente, só um carro resolve!
é claro que as vezes é interessante sair por aí sem rumo e ir a lugares novos que estão tão próximos mas ainda não foram descobertos.
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