terça-feira, janeiro 22, 2008

Coisas Que Eu Sei

Dudu Falcão

Eu quero ficar perto de tudo que acho certo
Até o dia em que eu mudar de opinião
A minha experiência, meu pacto com a ciência
O meu conhecimento é minha distração

Coisas que eu sei
Eu adivinho sem ninguém ter me contado
Coisas que eu sei
O meu rádio relógio mostra o tempo errado
Aperte o Play

Eu gosto do meu quarto, do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer na minha confusão
É o meu ponto de vista, não aceito turistas
Meu mundo tá fechado pra visitação

Coisas que eu sei
O medo mora perto das idéias loucas
Coisas que eu sei
Se eu for eu vou assim não vou trocar de roupa
É minha lei

Eu corto os meus dobradosAcerto os meus pecados
Ninguém pergunta mais, depois que eu já paguei
Eu vejo o filme em pausas
Eu imagino casas
Depois eu já nem lembro do que eu desenhei

Coisas que eu sei
Não guardo mais agendas no meu celular
Coisas que eu sei
Eu compro aparelhos que eu não sei usar
Eu já comprei

As vezes dá preguiça
Na areia movediça
Quanto mais eu mexo mais afundo em mim
Eu moro num cenário
Do lado imaginário
Eu entro e saio sempre quando tô a fim

Coisas que eu sei
As noites ficam claras no raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes eu somente não sabia

Coisas que eu sei
As noites ficam claras no raiar do dia
Coisas que eu seiSão coisas que antes eu somente não sabia

Agora eu sei

EM MUDANÇA...

Em breve em novo lar. Ano novo, casa nova, desafios novos, porque é tudo novo de novo...

Como diria a grande filosofa Dorothy, no Mágico de Oz: "Não há lugar como nosso lar".

Melhor ainda se é o meu primeiro e verdadeiro lar.

Estou mega hiper animada, apavorada, feliz, amedrontada...

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Saudades

Saudade
A saudade é algo assim
uma agonia sem fim,
uma dor dentro da alma
que chora dentro de mim.
Saudade é um rio pequeno
que corre para junto do mar
É como minha ilusão
de um dia te encontrar.
Saudade! Ah Saudade!
Por que me atormentas tanto?
Me deixas assim nesse pranto
como um pássaro sem poder voar,
como a rosa sem perfume
que ninguém gosta de cheirar.
Enfim, a saudade é tanta
que faz a gente pensar que,
para sentir saudade
não precisa se esforçar.

***

Na ausência pinta a dor da saudade
e vale qualquer impulso
para encurtar as distâncias.
Na hora da chegada, um beijo e
um abraço apertadi ajudam a curar a ferida.
A receita está dada: o amor cresce a cada reencontro
.

***

Só sente saudade quem teve na vida momentos de felicidades!

***
Tanta Saudade
Chico Buarque

Era tanta saudade
É pra matar
Eu fiquei até doente
Eu fiquei até doente
Se eu não mato a saudade
É, deixa estar
Saudade mata a gente
Saudade mata a gente
Quis saber o que é o desejo
De onde ele vem
Fui até o centro da Terra
E é mais além,
Procurei uma saída
O amor não tem
Estava ficando louco, louco, louco
De querer bem
Quis chegar até o limite
De uma paixão
Baldear o oceano
Com a sua mão
Encontrar o sal da vida
E a solidão
Esgotar o apetite, todo o apetite
Do coração
Mas voltou a saudade

***
Chega de Saudade
Tom Jobim

Vai minha tristeza e diz a ela que sem ela
Não pode ser, diz-lhe numa prece
Que ela regresse, porque eu não posso
Mais sofrer.

Chega de saudade a realidade
É que sem ela não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar,
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei
Na sua boca, dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser, milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim.

Não quero mais esse negócio de você longe de mim...

Amar, verbo intransitivo



Mário de Andrade





O livro “Amar, verbo intransitivo” é na minha opinião é o melhor texto do Mário de Andrade, diria, quiçá, dos romances modernos. Andrade é um escritor ousado, criativo, sensível... Vou parar aqui com esses adjetivos, ele mesmo não seria um entusiasta.

Encanta-me seu tão profundo domínio do Brasileiro. Caro único leitor amigo, não me corrija, não falamos português no Brasil há muitos, defendo a necessidade de sermos sinceros: Falamos Brasileiro, sim! Alguns, como Andrade, melhor que outros.

Esse é um dos meus romances favoritos, romance moderno, não romance romântico... Texto que nos faz sonhar e nos traz a realidade, que contrapõe e mescla com maestria: o “homem-do-sonho” com o “homem-da-vida”.
“O homem-do-sonho se substituirá ao novo homem-da-vida... O homem- da-vida age não pensa... Reconhece o homem-do-sonho porque este pensa e sonha.” M.A.

Nunca houve melhor definição para o que fazemos diariamente: essa luta maniqueísta em se deixar dominar pelo conformismo da vida seca ou pela doce esperança de Parságada.

Desde seu próprio título, o romance revela seu traço instigante, mas ao mesmo tempo delicado.

Todos nós estudamos que Amar é um verbo transitivo direto. O que pressupõe um objeto e um sujeito nesse ato.

“V. t. d.
1. Ter amor a; querer muito bem a; sentir ternura ou paixão por: "Amo-te, é certo; adoro-te, confesso" (Humberto de Campos, Poesias Completas, p. 54); "Goethe amou Roma como artista e não como sábio." (Afonso Arinos de Melo Franco, Amor a Roma, p. 24); "O poeta Daniel amava em Francisca tudo: o coração, a beleza, a mocidade, a inocência e até o nome." (Machado de Assis, Contos Recolhidos, p. 13).
2. Ter afeição, dedicação ou devoção a; prezar: amar a Deus; amar o próximo.
3. Sentir prazer em; apreciar muito, gostar de: Ama a vida ao ar livre; "Amo a grandeza misteriosa e vasta" (Antero de Quental, Sonetos, p. 73).
4. Praticar, realizar o amor físico com; possuir.
5. Ant. Desejar, querer.
6. Ant. Preferir, escolher”

Entretanto, para que o leitor fique mais confuso, eis que o texto é intitulado um idílio, que é um pequeno romance que tem uma forma singela e doce de amor recíproco.

De uma sagacidade admirável, Mário sintetiza todo seu romance nesse jogo aparentemente contraditório.

Concordo com o autor, o amor no fundo é um ato intransitivo, é um estar em si mesmo, um ensimesmamento. Pode até parecer egoísta, individualista, mas não amamos o objeto, simplesmente amamos... Nem sempre recíproco, nem sempre feliz, mas não podemos parar o processo, simplesmente, amar porque amamos, um verbo intransitivo.

Há um trecho do livro que me encantou particularmente:

“Se você ama, ou por outra se já deseja no amor, pronuncie baixinho o nome desejado... Esse ou essa que você ama, se torna assim maior, mais poderoso e se apodera de você. Homens, mulheres, fortes, fracos... Se apodera.”


Essa é a realidade é você que alimenta esse amor pelo outro, é o próprio sentimento que se apodera de você.

Ao mesmo tempo, devota-se o amado...

Você, caro único leitor amigo, já está arrancando os cabelos a pensar que sou totalmente incoerente e que nada do que escrevo faz sentido. Disso tiro duas conclusões, a primeira que você nunca se apaixonou, e a segunda, cito Andrade:

“... neste mundo misturado quem concorda consigo mesmo! Somos misturas incompletas, assustadoras incoerências... Não existe mais uma única pessoa inteira neste mundo e nada mais somos que discórdia e complicação”.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Caros leitores







Texto de um dos meus cronistas favoritos, meu id masculino, sobre esse balanço de 2007. Os negritos são meus, as risadas e a concordância também.

Já comecei a implorar: alguém ai quer me contratar para escrever sobre o tudo e o nada? Ou qualquer coisa? Ou tudo? Dá na mesma... Eu quero é ser cronista.

Touché...

Caros Leitores
De João Pereira Coutinho
Folha Online


Não vale a pena fazer grandes planos para 2008. Os planos falham sempre. Experiência pessoal: consulto as páginas do meu diário e verifico, sem surpresa, que não cumpri uma única resolução para 2007. Exercício físico? Alimentação saudável? Oito horas de sono diário? Equilíbrio financeiro e bibliográfico (uma redundância, eu sei)? O meu falhanço é total. Entro em 2008 mais gordo, ligeiramente nauseado, a dormir barbaramente mal e o meu banco continua a enviar cartas que eu, por razões demasiado longas para explicar, persisto em não abrir.


O que sobra? Sobram os "pequenos passos", como se diz em linguagem terapêutica. Querer tudo é não ter nada. Melhor começar pelo início. E o início da minha lista para 2008 é igual a 2007, e a 2006, e a 2005: responder aos leitores desta Folha. Não deixar dezenas de perguntas sem resposta num email que vai transbordando por incúria minha, alienando amizades, inimizades e declarações de amor. Chega. Aqui vão as respostas a algumas das perguntas usuais, uma espécie de "Frequently Asked Questions" do cronista. Omito, por razões óbvias, os autores das ditas. Mas registo a diversidade que moveu os leitores: de livros a restaurantes, sem esquecer matérias políticas ou privadas, houve de tudo. A idéia, agora, é limpar a caixa do correio de uma vez por todas. Poderia acrescentar que, daqui em diante, a escrita estará sempre em dia. Mas isso seria prometer demais para quem normalmente cumpre de menos. Talvez em janeiro de 2009. Não façam essa cara.

*
Por que motivo você não escreve mais sobre o Brasil?
Por gentileza e ignorância.

O que você pensa dos brasileiros?
Não existem "brasileiros". Existe o José, a Maria, o Francisco, o Alfredo.

O que você pensa dos brasileiros que vivem em Portugal?
Não existem "brasileiros que vivem em Portugal". Existe o José, a Maria, o Francisco, o Alfredo. Apesar de tudo, gosto mais da Maria que do Alfredo.

Você é a favor do voto obrigatório?
Obviamente, não. A história do voto obrigatório, que existe no Brasil, sempre me fez lembrar uma passagem do "Émile", de Rousseau, em que uma mãe espartana recebe o seu zelote e lhe pergunta se os espartanos venceram a batalha. E o zelote informa: "Todos os teus filhos foram massacrados." A mãe, furiosa, responde-lhe que não foi essa a pergunta. E quando o zelote confirma a vitória militar dos espartanos, a mãe sobe ao templo para agradecer aos deuses. Rousseau comenta apenas, em tom lacônico: "Eis uma cidadã." Quando me falam em voto obrigatório, essa espécie de "fanatismo cívico", lembro sempre a mãe espartana.

Li uma crônica sua sobre Jane Austen e li "Orgulho e Preconceito". Que outros livros você aconselha?
Se você começou por "Orgulho e Preconceito", melhor ler o resto: "Sensibilidade e Bom Senso", "Mansfield Park", "Persuasão", "Emma" e "Northanger Abbey". Se gostar de todos esses, nada melhor do que descobrir escritores pouco lidos e pouco amados, que oferecem o humor sereno de Austen. Como Saki, Max Beerbohm, Jerome K. Jerome ou Anthony Trollope.
Li uma crônica sua sobre Jane Austen e assisti ao filme "Orgulho e Preconceito". Você gostou?
Gostei. Por princípio, qualquer filme com Keira Knightley vale o dinheiro (aguardo, com a ansiedade possível, "Reparação", filme do mesmo diretor de "Orgulho e Preconceito", Joe Wright, baseado no livro excelente de Ian McEwan). Mas o filme é fiel ao romance sem ser literal e creio que suplanta a série clássica da BBC com Colin Firth no papel de Darcy (sim, uma heresia para os amantes de Austen).

Quais os últimos livros que você leu?
Curiosamente, dois livros brasileiros: "Contemporâneo de Mim", de Daniel Piza, e "Lula é Minha Anta", de Diogo Mainardi. Escreverei sobre ambos nas próximas semanas (e com surpresas).
Qual o melhor livro que você leu em 2007?
Talvez "The Uncommon Reader", uma narrativa breve de Alan Bennett que li repetidamente, grato e maravilhado. É a história de como a rainha Elizabeth 2ª se torna uma leitora voraz. Surreal.

Você acha grave cometer adultério?
Depende. À luz dos Mandamentos, sem dúvida. "Não cobiçarás a mulher do próximo" parece-me um imperativo sensato, embora omisso em dizer quem é o "próximo".

Você é mesmo hipocondríaco?
Claro que não. Só não suporto a idéia de que posso estar saudável.

O que você pensa do "Big Brother"?
Pessoalmente, nada contra. Digo mais: sou entusiasticamente a favor de "reality shows" e deveria haver um canal só para eles, 24 horas por dia. É a única forma de dar celebridade a psicopatas sem que eles cometam qualquer crime para terem seus 15 minutos de fama. Os "reality shows" são verdadeiro serviço público.

Você é de direita?!?
Leitor, quando a repugnância passar, eu respondo.

Você é a favor de Israel?!?
Repetir última resposta.

Você gosta de futebol?
Gosto. Mas bem longe.

Você assistiu a "Tropa de Elite"?
Temo que não.

Você assistiu a "Cidade de Deus"?
Temo que sim.

Qual o seu filme favorito?
Qualquer um com Audrey Hepburn dentro.

Você não acha que todo o político é ladrão?
Questão secundária, creio. Existe um excesso de inveja em relação aos políticos, mas eu não invejo a vida miserável que aquela gente leva: horários espartanos, conselheiros entediantes, insultos públicos e problemas irresolúveis. Basta pensar no próximo presidente dos Estados Unidos, a eleger em novembro: Obama? Hillary? Romney? Creio que nenhum dos três (Obama é negro, Hillary é mulher, Romney é mórmon). Mas independentemente do vencedor, a herança é esmagadora para qualquer um deles: Irã, Iraque, Afeganistão, Israel-Palestina. Sem falar do fanatismo anti-americano, a única ideologia que restou para os órfãos de Moscovo. Ter que lidar com tudo isso não é vida que se inveje.

Quem você gostaria que ganhasse as eleições americanas de 2008?
Pelo que vi e li, Barack Obama. Mas é duvidoso que ganhe.

Por que você não gosta de muçulmanos?
Questão errada. Eu não gosto é de muçulmanos terroristas. Nem todos os muçulmanos são terroristas. Mas o inverso é mais difícil de sustentar.

Você é supersticioso?
Sim, tenho as minhas superstições, como qualquer pessoa racional.

Qual o melhor restaurante de Lisboa?
Pessoalmente, o velho Gambrinus, junto ao Teatro Nacional, continua a ser uma opção cara mas segura. O resto é moda, que vai e vem.

Quantos livros você tem?
Poucos. Uns dois mil, talvez. Razão simples: deito fora, todos os anos, umas centenas que compro ou me oferecem. Ao contrário do que as pessoas imaginam, a biblioteca ideal não se faz por adição. Faz-se por subtração. Meu sonho é, num dia futuro, chegar aos cem livros, duzentos livros, e não precisar de subtrair mais nenhum.

Quando você foi mais feliz?
Na infância, em dia de aulas, os meus coleguinhas na escola. E eu com gripe.

Por que você não gosta de calor?
Pelo mesmo motivo que você não gosta de frio. Felizmente, vivendo em Portugal, tenho a sorte, nem sempre apreciada pelos meus conterrâneos, de conhecer as quatro estações nas suas diferenças graduais, mas sempre temperadas. No verão faz calor, "ma non troppo" (uns 27 ou 28 graus); e no inverno faz frio, "ma non troppo" (uns 10 ou 12 graus). Outono e primavera andam pelo meio, como uma trégua gentil. É o melhor do meu país.

Alguma sugestão para um negócio de sucesso?
Livros de auto-ajuda, mas só para suicidas. Como executar o ato de forma eficaz e indolor.

Tudo que você escreve é verdade?
Tudo, exceto quando me enviam textos inéditos e me pedem opinião.

Por que motivo você escreve tanto sobre a morte?
Porque é a única forma de escrever tanto sobre a vida.

Por que você usa frases curtas?
Não sei. Talvez um certo medo. De arriscar. Nas frases longas.

O que você mais admira nas pessoas?
O sentido de humor, a suprema forma de elegância.

O que você mais admira num escritor?
O que mais admiro num escritor é a "sprezzatura". O termo pertence a Castiglione, no seu "Livro do Cortesão". É a capacidade de ocultar o talento para que tudo pareça ser feito sem esforço. Exemplo? Basta ouvir (ou ler) Noel Coward para perceber. Só provincianos ou apedeutas se impressionam com quem escreve para impressionar.

Qual o melhor escritor português?
Eça, Eça e Eça. Dos contemporâneos, dois nomes: José Cardoso Pires (morto) e Agustina Bessa-Luís (viva). Esqueçam Saramago.

Você acha Machado de Assis melhor que Eça de Queirós?
Caro leitor: escolher para quê, se é possível ler ambos?

Você leu Daniel Galera?
Li "Mãos de Cavalo" e "Até o dia em que o cão morreu". Obliquamente. Demasiado bicho para o meu gosto.

Como uma pessoa pode ser cronista?
Implorando.
Como você pode ser contra os direitos dos animais?
Porque eu ainda gosto de matar os meus mosquitos nas noites quentes de Verão.

Quais as suas cidades favoritas?
As óbvias. Londres acima das óbvias.

O que você acha dos blogs?
O mesmo que o bardo: "much ado about nothing." (muito barulho para nada)

Você já fez análise?
Durante uns tempos. Mas percebi rapidamente que a única "transferência" que havia era da minha conta bancária para a conta bancária da psicanalista.
Você é a favor da pena de morte?
Não, não sou; mas sou a favor da prisão perpétua para crimes hediondos. A pior coisa que pode acontecer a um criminoso maior é receber uma pena de vida.

Você não acha absurdo comparar a legislação anti-fumo com os nazistas (como em "Lauren Bacall, por favor")?
Acho, sim. Hitler é má comparação. Melhor comparar com um antecessor de Hitler, neste caso Lênin. Tempos atrás, li algures que o trem que levou Lênin rumo à estação Finlândia foi o primeiro trem "smoke free", por imposição do próprio. Eu já sabia que o nazismo e o comunismo eram irmãos gêmeos. Só não imaginava que pudessem ser tanto.
O que é o sucesso para você?
A melhor definição de sucesso foi oferecida por Churchill: é ir de fracasso em fracasso sem nunca perder o entusiasmo. Touché.

Por que você usa nas suas crônicas a palavra "touché"?
Nostalgia do duelo. Já tive processos por abuso de liberdade de imprensa que me fizeram perder tempo e energia. Um duelo seria mais civilizado, desde que fosse seguida a ética essencial dos duelistas: nunca convidar para a contenda alguém que não está ao nosso nível. O resto é um crime e, pior que isso, um erro (como dizia Talleyrand).

Você acredita em Deus?
Isso é uma questão entre mim e Ele.

Você acredita na eternidade?
Até prova em contrário, ainda ninguém regressou para reclamar.

Você escreveu criticamente sobre o livro de Christopher Hitchens, "God is Not Great". Mas você não acha que um ateu tem direito a ter opinião sobre Deus?
Eu acho que qualquer pessoa tem direito a ter opinião sobre qualquer coisa. Só acho estranho que um ateu se preocupe com aquilo que, para ele, não existe. Nada é mais estranho do que um ateu convicto que não acredita em Deus e abomina Deus. Eu não acredito em extraterrestres e jamais escreveria um livro a respeito.

Você não acha que a Igreja Católica deveria ter uma posição mais liberal sobre certos temas, como o aborto ou o uso do preservativo?
A pergunta é absurda porque pressupõe que a Igreja Católica deveria partilhar as opiniões do leitor. Sobre o uso do preservativo como forma de combater a AIDS, na verdade a doutrina da Igreja sobre o assunto, ao defender uma moral sexual dentro do casamento, é a única que garante a não transmissão do vírus. Pode ser irrealista para o século 21. Mas, pelo menos, é coerente.

Qual a sua canção favorita?
Depende dos dias. Mas raramente resisto ao dueto de Serge Gainsbourg com Catherine Deneuve em "Dieu fumeur de havanes", um dos momentos mais perfeitos da cultura francesa do século 20.

Que tipo de mensagens você recebe no seu email?
Ofertas de dinheiro e de Viagra.
Você pratica algum esporte
Nado. Perdão, nada.
Onde você escreve?
Na cama.
João, qual o seu primeiro nome?
José.

Qual a sua altura?
1,80m.

Você é vegetariano?
Infelizmente, não. Mas acredito na reencarnação. Quem sabe um dia, quando regressar ao mundo como grilo?

Você já esteve no Brasil?
Várias vezes. E escrevi várias vezes a respeito.

Você já esteve em São Paulo?
Ver última resposta.
Você gostaria de me conhecer? (homem)
Adoraria, mas a minha religião não o permite.

Você gostaria de me conhecer? (mulher)
Adoraria, mas qualquer resposta definitiva é absurda sem a apresentação prévia de uma foto.

2008

Caro único leitor amigo, o ano mal começou e já estou aqui precisando das nossas sessões de análises. Obviamente preciso, ainda, por em prática a síndrome de forest gump para conseguir colocar as idéias no lugar.

Porém, algo caminha na direção certa, hoje consigo escrever algo. Sinal que a mente clareou um pouco. Durante os últimos dias aquela necessidade imensa de escrever foi sobreposta pela ausência total de inspiração ou incompetência reconhecida em selecionar sobre o que escrever.

Hoje, algo diferente invadiu o meu ser...

Uma necessidade de fazer as mudanças que quero para o mundo acontecerem. Mas sempre acreditei e repeti que só há um jeito de mudar o mundo: mudar a si mesmo. Então, estamos na época certa para as reflexões, promessas e implementação destas.

Se a vida é uma Ópera. Vamos a Opereta 2008 em 3 atos:

Ato I – O martírio da reflexão

Apesar das crises existenciais, dos vales de inconstância, do não contentar-se de contente e da angústia da auto-exigência, considero que 2007 foi um ano de grande evolução pessoal.

Depois de vários não anos, veio um ano real.

Ano que consegui aceitar que não nunca serei perfeita...

Ano que defini quem quero ser e o meu papel no mundo...

Ano que descobri que posso amar e mais, ainda, mereço ser amada...

Ano que deixei de duvidar da minha capacidade de ser qualquer coisa deseje...

Mesmo que demore um pouco, sei onde quero chegar e que chegarei lá. Saber aonde se quer chegar faz toda a diferença, não há caminho certo para quem não sabe aonde quer chegar.

Porém, aprendi que posso mudar o que quero e onde quero chegar. É preciso, também, ser flexível, assim como um bambu que deixa o vento leva-lo para onde sopra, mas não enverga, porque tem raízes firmes, do contrário, deixaremos de aproveitar os bons ventos, lutando contra a maré, sem enxergar que a maré também leva a praia.

Acima de tudo, é importante não perder a capacidade de se surpreender com a vida, deixar que ela te proporcione encantar-se como uma criança com o inesperado, o novo. E é sempre tudo novo de novo.

Ato II – As promessas

Há sempre as promessas clássicas, aquelas que estavam na lista de 1989... 2005, 2006 e 2007. Obviamente não poderiam de deixar de estar na lista de 2008: emagrecer, ou manter-se magro, começar a exercitar,ou continuar com os exercícios físicos, estudar mais, ler mais por deleite intelectual, ficar mais bonita, mais inteligente, menos solitária...

Porém, esses não valem para uma lista real, essas promessas são as lutas diárias do ser humano urbano e pós-contemporâneo.

A lista real para 2008:

· Implementar todas as promessas clássicas – desculpe-me, caro único leitor amigo, não me contive;
· Alcançar uma posição profissional confortável;
· Ser levada um pouca mais pela correnteza;
· Viajar o máximo que puder;
· Estar mais próxima de quem amo;
· Ter minha própria casa;
· Escrever mais e melhor...
· Sonhar novos sonhos...

Ato III – Agora começa 2008

É sempre muito fácil fechar para balanço e para escrever uma nova lista de promessas. O problema é fazer acontecer, essa é a luta real.

Contudo, o charme do novo é a esperança de que tudo irá dar certo.

Ao longo do ano, montarei o quebra-cabeça e, em 2009, analisaremos o quadro.

Em construção...

terça-feira, janeiro 08, 2008

Anoche soñé contigo

Kevin Johansen

Anoche soñé contigo
y no estaba durmiendo
todo lo contrario
estaba bien despierto.

Soñé que no hacia falta
hacer ningún esfuerzo
para que te entregaras en ti
yo estaba inmerso

Que lindo que es soñar
soñar no cuesta nada
soñar y nada
mas con los ojos abiertos
que lindo que es soñar
y no te cuesta nada mas que tiempo.

¿Que hacer con tanta angustia?
por cosas no resueltas
con toda esta energía
casi siempre mal puesta

Si pudiera olvidarme
por siempre de mi mismo
habría de encontrarme
allá en tu dulce abismo

Que lindo que es soñar
soñar no cuesta nada
soñar y nada
mas con los ojos abiertos
que lindo que es soñar
y no te cuesta nada mas que tiempo

Soñé que no hacia falta
hacer ningún esfuerzo
para que te entregaras
en ti yo estaba inmerso.

Nada mas que tiempo
Anoche soñé contigo...

segunda-feira, janeiro 07, 2008

O que te ver que ser será

Babado Novo

Vamos sair pra algum lugar...
O que tem que ser será
Não sei fingir, o meu olhar só falta falar
Você não sai do meu pensamento
Esperei tanto por esse momento
Meu coração é paciente e lento
Mas se cansou e agora quer falar:

Eu esperei hora
Esperei dia
Esperei mês
Esperei ano
Esperei tempo
Pra ficar com vc
Agora que está aqui comigo por favor não vá embora

Veja, veja minhas mãos
Suando sem saber se vai dizer sim ou não

Pensando em Você

Babado Novo

...Quando toca o telefone será você?
O que estiver fazendo eu paro de fazer
Se fica muito tempo sem me ligar
Arranjo uma desculpa pra te procurar
Que tola mas eu não consigo evitar
Porque eu só vivo pensando em você

E é sem querer, você não sai da minha cabeça mais
Eu só vivo acordada a sonhar
Imaginar
Às vezes penso ser um sonho impossível
Uma ilusão terrível, será?

Hoje eu pedi tanto em oração
Que as portas do seu coração
Se abrissem pra eu te conquistar
Mas que seja feita a vontade de Deus
Se ele quiser, então, não importa quando, onde
Como eu vou ter seu coração.

...

Coração apaixonado é bobo
Sorriso seu ele derrete todo
O teu charme, teu olhar
Tua fala mansa me faz delirar

Mas quanta coisa aconteceu e foi dita
Qualquer mínimo detalhe era pista
Coisas que ficaram para trás
Coisas que você nem lembra mais
Mais eu guardo tudo aqui no meu peito
Tanto tempo estudando teu jeito
Tanto tempo esperando uma chance
Sonhei tanto com esse romance
Que tola mas eu não consigo evitar...