Ontem tive a grata oportunidade de assistir o monólogo, "Simplesmente eu, Clarice Lispector", protagonizado por Beth Goulart.
A montagem é uma mistura genial da densidade própria dos textos da autora, representada por suas personagens femininas, com episódios que mostraram a personalidade e vida de Clarice.
A peça não perde o ritmo, oscilando entre os dramas das personagens e da própria escritora, misturadas a passagens irônicas, que chegam a flertar com o humor.
Beth Gourlat, que além da similaridade física, consegue representar a intensidade dessa incrível artista e intrigante mulher.
Destaco uma das passagens que mais me tocou:
“eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele.” Clarice Lispector - Perdoando Deus
A montagem é uma mistura genial da densidade própria dos textos da autora, representada por suas personagens femininas, com episódios que mostraram a personalidade e vida de Clarice.
A peça não perde o ritmo, oscilando entre os dramas das personagens e da própria escritora, misturadas a passagens irônicas, que chegam a flertar com o humor.
Beth Gourlat, que além da similaridade física, consegue representar a intensidade dessa incrível artista e intrigante mulher.
Destaco uma das passagens que mais me tocou:
“eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria – e não o que é. É porque ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele.” Clarice Lispector - Perdoando Deus
4 comentários:
Assisti ontem ( 17 /07/90) no CCBB em Brasília e , apesar de reconhecer que a platéia recebeu com entusiasmo, não gostei nem um pouco.
Considerei a apresentação super enfadonha como um todo, eivada de "lugares comuns" e da alternância da compreensão/incompreensão da própria existência, próprio da autora.
Oi cláudia, bom ter opiniões divergentes por aqui. Mas pelo seu comentário, vc não curte muito clarice, ou interpretei mal?
Como sou fã desde muito nova, me encantei com a peça (já que é muito fiel as próprias digressões em seus textos), assim como alucinei na exposição sobre ela no museu da língua portuguesa.
Fica o contraponto.Abs
Odiei a peça!
Assisti no sábado passado. Foi extremamente desconfortante assistir uma pessoa destruindo a beleza da obra de Clarice.
Onde estava a delicadeza? Não, aquilo definitivamente NÃO É Clarice Lispector.
Também escrevi no meu blog sobre a peça. Sinta-se à vontade para deixar seu ponto de vista.
Eu achei excelente, do primeiro ao último instante. Intenso e tocante!
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