terça-feira, maio 24, 2005

Monogamia

Eu li esse texto no blog do Alexandre (http://liberallibertariolibertino.blogspot.com/), que é jornalista, e o blog muito legal. Então, resolvi posta-lo. Só uns comentários esclarecedores:
1) Eu achei o texto bom, pois acho importante manter a individualidade e certa privacidade nos relacionamentos, de qualquer tipo, namoro, casamento, amizade, pais-filhos, etc.
2) Mais não acho que relacionamentos abertos sejam putaria. Não acho que ser aberto, seja sinônimo de traição, o que considero inaceitável, porque é uma questão de confiança.
3) Mas que é inaceitável essa anulação de uma das partes ou das duas para que concordem em tudo e sejam iguais e que estejam sempre junto isso também é.

A monogamia

Alexandre Cruz Almeida

É muito, muito rara uma relação monogâmica sem traições e adultérios. É uma gaiolinha bem da douradinha, mas não deixa de ser uma gaiola. Ambos os parceiros se unem porque se amam, mas também sabem, principalmente os homens, que estão abrindo mão de sua liberdade, que não é pouca coisa, pelo prazer de estar com a mulher amada. Não conheço um homem que não se casou com uma sensaçãozinha, pequena que fosse, de estar indo pro matadouro. Ele sabe que vai ganhar muito, e espera que valha a pena, mas também tem a noção exata de tudo o que está perdendo.

Realmente, acho fantástico como funcionam os relacionamentos monogâmicos que conheço: perde-se até a singela liberdade de ver o filme que se quer.

Chamo um casado pra ir ao cinema. A resposta nunca é um simples sim ou não. Das duas uma: pôxa, esse eu não posso, fiquei de ver com a minha esposa. Ou: por que não vamos ver esse outro filme?, que esse minha mulher nunca iria assistir mesmo, então esse eu posso.

Mas essas mesmas pessoas acharam esquisitíssimo quando, no carnaval, minha mulher foi acampar pra um lado e eu fui viajar pro outro. Acontece que tenho uma esposa, não uma gêmea siamesa. Não só é bom membros de um casal darem tempos ocasionais um do outro, como também ela adora acampar e eu não. Se ela não for acampar sozinha de vez em quando, nunca mais iria acampar. Ou pior: eu seria obrigado a acampar com ela. Em muitas relações monogâmicas que conheço, impera a lei do gêmeo siamês: como tudo tem que ser feito junto, as atividades que só um cônjuge gosta ou são abolidas pra sempre ou o cônjuge que não gosta é obrigado a participar delas. Só não vale desgrudar.Estamos condenados a ser livres. A liberdade consciente exige muito mais fibra e responsabilidade do que a conformidade instintiva. Mas não há outro jeito. Não temos escolha a não ser a liberdade.

Um casamento aberto dá um trabalho danado. As pessoas acham que é fácil, que é a maior putaria. Bem, é a maior putaria, mas putaria não é fácil. Como qualquer libertino sabe, uma boa bacanal demanda tremenda logística. Em um casamento aberto, baseado em liberdade e respeito mútuos, as regras não estão escritas, tudo tem que ser negociado, debatido, pensado. Um dia de cada vez.

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