Aquela parecia mais uma manhã comum quando cheguei ao trabalho sonolenta e sem, ainda, ter tido a primeira refeição do dia, e, principalmente, sem meu bom humor, já esse só é garantido após uma boa xícara de café.
Porém, meu julgamento inicial foi errôneo. O equívoco foi percebido no primeiro Bom-dia no trabalho. Ao invés do habital bom-dia em troca, recebi:
-"Você viu que tem um avião da Air France sumido?"
Obviamente que não sabia de nada, já que não acordo cinco minutos mais cedo nem para tomar café quanto mais para ver o jornal.
Sem muito entender a perguntar, respodi: "Como um avião desse tamanho pode sumir?".
Algum tempo depois descobri. Sumiu ao cair no mar.
Para minha surpresa maior fico sabendo que haviam dois franceses colaboradores do projeto que trabalho. Eles vieram ao Brasil a convite do órgão que trabalho para participar de um evento e decidiram esticar a viagem para passear no Rio de Janeiro, conhecer o Cristo Redentor e tomar umas caipirinhas.
Mais esquisito, ainda, foi que no dia anterior vi fotos dos dois durante o evento, o qual não estava presente, e comentei: "Jovens esses professores".
Na verdade, havia pensado: "humm, que gato esse francês". No entanto, soltei outro comentário: "Que folgados, vêm ao Brasil pagos pelo governo e querem aproveitar para passear". De fato pensava isso, mas eu faria o mesmo na situação deles.
Nunca ousaria pensar que seria o último passeio da vida deles.
Enfim, mais uma daquelas concidências bizarras.
Mesmo com muito compreensão empática pelas vítimas e pelos familiares. Não consigo entender, porque depois de tantos dias, continuam com buscas incessantes pelos corpos como se não houvesse mortos sem corpos.
Posso entender pela parte dos apelos de cunho religiosos, pois são baseadas em crenças e não na razão. Entretanto, esse não é o majoritário, trata-se de um a comoção internacional em um movimento: "Queremos os corpos", como se resgatassem a dignidade e diminui-se a dor dos que ficaram.
Nunca achei desrespeito separar a vida já exaurida do corpo do morto. Sempre achei deprimente o ato de velar um corpo e mandá-lo para debaixo da terra em um caixote.
Por isso, desde a morte do meu avô, que foi quando descobri que as pessoas morriam e que um dia seria eu também a morta, que não quero ser velada nem enterrada, desejo ser cremada e servir de adubo para algum ipê que alegrará a manhã de outros como já alegram várias em minha vida.
Porém, meu julgamento inicial foi errôneo. O equívoco foi percebido no primeiro Bom-dia no trabalho. Ao invés do habital bom-dia em troca, recebi:
-"Você viu que tem um avião da Air France sumido?"
Obviamente que não sabia de nada, já que não acordo cinco minutos mais cedo nem para tomar café quanto mais para ver o jornal.
Sem muito entender a perguntar, respodi: "Como um avião desse tamanho pode sumir?".
Algum tempo depois descobri. Sumiu ao cair no mar.
Para minha surpresa maior fico sabendo que haviam dois franceses colaboradores do projeto que trabalho. Eles vieram ao Brasil a convite do órgão que trabalho para participar de um evento e decidiram esticar a viagem para passear no Rio de Janeiro, conhecer o Cristo Redentor e tomar umas caipirinhas.
Mais esquisito, ainda, foi que no dia anterior vi fotos dos dois durante o evento, o qual não estava presente, e comentei: "Jovens esses professores".
Na verdade, havia pensado: "humm, que gato esse francês". No entanto, soltei outro comentário: "Que folgados, vêm ao Brasil pagos pelo governo e querem aproveitar para passear". De fato pensava isso, mas eu faria o mesmo na situação deles.
Nunca ousaria pensar que seria o último passeio da vida deles.
Enfim, mais uma daquelas concidências bizarras.
Mesmo com muito compreensão empática pelas vítimas e pelos familiares. Não consigo entender, porque depois de tantos dias, continuam com buscas incessantes pelos corpos como se não houvesse mortos sem corpos.
Posso entender pela parte dos apelos de cunho religiosos, pois são baseadas em crenças e não na razão. Entretanto, esse não é o majoritário, trata-se de um a comoção internacional em um movimento: "Queremos os corpos", como se resgatassem a dignidade e diminui-se a dor dos que ficaram.
Nunca achei desrespeito separar a vida já exaurida do corpo do morto. Sempre achei deprimente o ato de velar um corpo e mandá-lo para debaixo da terra em um caixote.
Por isso, desde a morte do meu avô, que foi quando descobri que as pessoas morriam e que um dia seria eu também a morta, que não quero ser velada nem enterrada, desejo ser cremada e servir de adubo para algum ipê que alegrará a manhã de outros como já alegram várias em minha vida.
2 comentários:
terrível a perspectiva de morrer assim, do nada, ainda mais a poucas hrs de paris...
Assim é , minha menina, depois que a vida abandona o corpo, apenas fica um invólucro inútil. Aprendi isso ao ver a chama da vida abandonar o corpo de uma avó.
Mas a morte é sempre terrível para quem fica... para os que vão, não sabemos...
Tenho voltado sempre aqui.
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